VINCE GILLIGAN
Doug Hyun/AMC
Bryan Cranston observa Vince Gilligan (à dir.) brincar com borrifador nos bastidores de Breaking Bad
Considerada uma das melhores séries de todos os tempos, Breaking Bad (2008-2013) rendeu uma briga daquelas entre o criador da atração, Vince Gilligan, e sua mãe, Gail. O motivo? Os dois não entraram em acordo sobre o final de Walter White (Bryan Cranston), o professor de Química que se transforma em traficante e criminoso para sustentar a família. "Minha mãe queria que ele se desse bem", admitiu o produtor.
O curioso é que dona Gail, professora aposentada do ensino fundamental, é o tipo de mulher que jamais veria uma série como Breaking Bad, que dirá torcer por um bandido. "Acho que ela sequer teria assistido a nada se não fosse uma criação minha, Deus a abençoe", contou Gilligan em uma conversa com jornalistas de toda a América Latina, da qual o Notícias da TV participou, para promover a exibição da atração no canal pago A&E.
Mãe e filho também tiveram sentimentos conflitantes sobre a índole do protagonista no decorrer da série. Vince Gilligan confessou que perdeu qualquer carinho que poderia ter pelo seu personagem conforme ele se afundou no mundo do crime, enquanto Gail defendeu o "colega" professor. "No fim da série, eu só pensava que Walter White não era um cara tão bom assim, enquanto minha mãe, de 87 anos, torcia para ele escapar vivo. Ela nunca faria o mesmo por pessoas reais, desejaria que elas fossem punidos, então eu a questionava: 'Como você pode falar uma coisa dessas?'."
O produtor contou que sua única certeza no início de Breaking Bad era de que ele queria contar a história de um homem bom que se transforma em alguém ruim. "Isso era muito empolgante para mim, mas eu não sabia se ia funcionar ou não. Acho que tive a sorte de contar com a minha ignorância (risos). Mas, há 15 anos, ninguém sabia quem eu era, e eu não tinha nada a perder. Não achei que a série seria um sucesso, não sabia nem se passaria do primeiro episódio, mas pensei que seria legal ter um roteiro a mais no meu currículo", revelou ele, que acabou criando uma franquia --o spin-off Better Call Saul (2015-2022) durou seis temporadas, uma a mais do que a série original.
Para Gilligan, o fato de Walter White ter caído nas graças do público ao redor do mundo, apesar de suas atitudes controversas, se deve a um único motivo: o ator Bryan Cranston. "Não sei como ele conseguiu fazer com que as pessoas o amassem, mas ele é muito amável na vida real. Para mim, ele é a principal razão do sucesso de Breaking Bad."
Bryan conseguiu transformar esse personagem totalmente repreensível, um cara ruim de verdade, em alguém simpático, digno de torcida. Sua atuação, seu carisma e sua química --sem trocadilhos-- com Aaron Paul [que viveu Jesse Pinkman, aluno e sócio de White na produção de metanfetamina] são os ingredientes secretos para a boa aceitação da série.
Breaking Bad estreia no A&E nesta segunda (17), às 21h45. Todos os 62 episódios da série serão exibidos no canal pago, de segunda a sexta-feira, em ordem cronológica. Curiosamente, o próprio Vince Gilligan não acredita que sua atração seria um sucesso se estreasse na TV atualmente.
"Timing é sorte, e sorte é timing. Sempre me pergunto como seria lançar a série hoje, e não tenho uma resposta certa. Eu sei que certamente não teria dado certo se tivéssemos estreado alguns anos antes. Ninguém teria aprovado, nós nem gravaríamos o primeiro episódio. Mas como seria Breaking Bad em 2023? Não sei mesmo, acho que tudo acontece no tempo certo."
"Atualmente, são produzidas tantas séries no mundo todo... É uma faca de dois gumes, porque cada vez mais pessoas estão tendo a oportunidade de contar suas histórias, e isso é ótimo. Por outro lado, são tantos projetos que muitos acabam se perdendo, fica mais difícil se destacar. E eu não sei se Breaking Bad teria se destacado hoje. É tudo uma questão de timing mesmo. Eu adoraria levar todo o crédito pelo sucesso da série, mas boa parte dos fatores estava muito além do meu controle", minimizou o produtor.
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