CRÍTICA
Fotos: Divulgação/Prime Video
Richard Madden e Priyanka Chopra Jonas são os protagonistas de Citadel, nova série da Amazon
Nova série do Prime Video, Citadel chega hoje à plataforma com toda a pompa de uma produção em que a Amazon investiu US$ 300 milhões (R$ 1,5 bilhão). A atração de espionagem, porém, parece ter gasto todo o orçamento no visual e se esquecido do básico: uma história interessante.
Os episódios são lindos, mas facilmente esquecíveis. Parece até irônico que seu protagonista, Mason Kane (Richard Madden, de Game of Thrones), sofra de amnésia, pois o público também não vai se lembrar de nada do que acabou de ver assim que os créditos de encerramento começarem a rolar.
A trama é um amontoado de clichês já usados em outros filmes e séries do gênero: Mason e Nadia Sihn (Priyanka Chopra Jonas, de Quantico) são dois espiões de uma agência chamada Citadel, que trabalha para destruir um grupo de oligarcas chamado de Manticore.
Os protagonistas deixam claro na primeira cena que já tiveram um romance no passado --e que ele terminou mal--, mas trabalham juntos em uma missão dentro de um trem de alta velocidade para tentar parar um vilão com um carregamento de urânio enriquecido. A tarefa dá errado, e os dois acabam dados como mortos. Por serem os astros da série, é óbvio que não morreram.
A atração, então, avança oito anos no tempo para mostrar Mason casado, com uma filha e sem nenhuma memória de seu passado. A agência Citadel não existe mais, mas a Manticore não foi derrubada nesse período. Assim, o espião se vê obrigado a voltar à ação para ajudar seu antigo mentor, Orlick (Stanley Tucci, de O Diabo Veste Prada).
Em meio às cenas que mostram o personagem de Richard Madden tentando retomar uma vida da qual sequer tem lembranças, Citadel enche a tela com flashbacks que mostram a história de Mason e Nadia. Conhecer o passado do casal seria interessante, mas as sequências não acrescentam nada que já não fosse extremamente previsível.
Priyanka Chopra Jonas esbanja beleza na série
O diretor Newton Thomas Sigel parece muito consciente de que tem dois belos protagonistas diante de suas câmeras, e os trata como meros colírios --as palavras que saem de suas bocas não importam, já que os diálogos são forçados e todos os personagens conversam apenas com clichês e piadas.
O visual também é valorizado nas paisagens em que as cenas de ação se desenvolvem. As sequências em si, porém, recorrem tanto à computação gráfica que fica difícil acreditar no que está na tela --em uma cena de esqui pelos Alpes, Mason quase se torna um personagem de videogame por causa do excesso de CGI.
O investimento de US$ 300 milhões em Citadel ocorreu por causa de muitos problemas nos bastidores. O showrunner Josh Appelbaum e o diretor Brian Kirk bateram de frente com os produtores Anthony e Joe Russo (de Vingadores: Ultimato) e deixaram a série. David Weil, de Hunters (2020-2023), foi convocado para assumir a chefia, e boa parte do conteúdo que já estava pronto foi jogado fora, reescrito e regravado. Assim, o orçamento explodiu.
Como dinheiro não é problema para a Amazon --a gigante do e-commerce é avaliada em mais de US$ 1,1 trilhão (R$ 5,4 trilhões)--, Citadel já foi renovada para a segunda temporada e vai virar uma franquia internacional, com versões que mostrarão agentes na Itália, na Índia, na Espanha e no México.
Mas a mudança de comandante no meio do processo deixou a primeira temporada sem rumo e esquecível. Fica a expectativa de que o segundo ano, todo comandado por David Weil, seja mais memorável para fazer valer a aposta. Do contrário, a atração será lembrada mais pela crise nos bastidores e pelo valor absurdo investido do que pelo que foi apresentado na tela.
Os dois primeiros episódios de Citadel já estão disponíveis no Prime Video, e os outros quatro capítulos serão adicionados toda sexta-feira. Confira o trailer:
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