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My Brilliant Friend

Brasileiros veem nu frontal de adolescente censurado para 7 milhões de italianos

Imagens: Divulgação/HBO

As atrizes Margherita Mazzucco e Gaia Girace no fim da primeira temporada de My Brilliant Friend - Imagens: Divulgação/HBO

As atrizes Margherita Mazzucco e Gaia Girace no fim da primeira temporada de My Brilliant Friend

JOÃO DA PAZ

Publicado em 20/12/2018 - 5h11

O último episódio da primeira temporada da série italiana My Brilliant Friend, exibido no Brasil pela HBO na última segunda (17), mostrou um nu frontal de uma adolescente, censurado em seu país de origem. A TV pública Rai, que coproduz o drama com o canal americano, cortou a cena polêmica em que Lila (Gaia Girace, de 15 anos) aparece nua.

My Brilliant Friend é um sucesso absoluto na Itália, visto por 7 milhões de telespectadores, o dobro da audiência que a Rai alcançava no horário de exibição. Mas o país, de maioria cristã e tão conservador quanto o Brasil, não aceita ousadias desse tipo. Ainda mais por se tratar de uma TV aberta, sustentada com dinheiro de impostos do povo. Não à toa, essa foi a segunda tesourada que a Rai fez na série.

Já a HBO brasil, por ser um canal pago, tem mais liberdade e pôde exibir My Brilliant Friend sem censura. O canal tem o Estatuto da Criança e do Adolescente a seu favor: a legislação só proíbe o nu de menores de idade se ele tiver alguma conotação sexual. Não era o caso da atração italiana.

Assim diz o artigo 241E do ECA: "Para efeito de crimes previstos nesta Lei, a expressão 'cena de sexo explícito ou pornografia' compreende qualquer situação que envolva criança ou adolescente em atividades sexuais, reais ou simuladas, ou exibição de órgãos genitais de uma criança ou adolescente para fins primordialmente sexuais."

Na cena de My Brilliant Friend, Lila está se preparando para seu casamento ao lado da melhor amiga, Lenú (Margherita Mazzucco), que a ajuda a tomar banho em uma banheira. Em certo momento, Lenú pede para que Lila se levante. É nessa hora que são exibidos os seios e os pelos pubianos da menina.

O diretor Saverio Constanzo escolheu um ângulo corajoso para replicar na TV esse momento, descrito com detalhes no livro A Amiga Genial, de Elena Ferrante, que inspira a série. A câmera foca no rosto de Lenú observando todas as curvas do corpo de Lila. Sentada, Lenú encara por alguns segundos o púbis de Lila, que está em pé.

O livro destrincha essa cena da seguinte maneira (trecho narrado por Lenú): "Jamais a tinha visto nua [Lila]. Hoje posso dizer que foi vergonha pousar com prazer o olhar sobre seu corpo, de ser a testemunha participante de sua beleza de 16 anos. (...) [Vi] os quadris estreitos e as nádegas rijas, sobre o sexo escuríssimo, sobre as pernas compridas, sobre os joelhos tenros, sobre os tornozelos arredondados..."

Na história dessa bela amizade, Lenú sempre enxergou Lila como a mais madura da dupla, que larga a escola para trabalhar e ainda assim demonstra uma inteligência acima da média. O momento na banheira, antes do casamento, simboliza isso. É Lenú testemunhando do jeito mais cru que sua amiga adolescente virou uma mulher.

A atriz Margherita Mazzucco em My Brilliant Friend: sua personagem foi vítima de estupro

Outras censuras
Dentro do contexto da série, essa cena é importantíssima. Mas a Rai decidiu cortá-la. A TV fez o mesmo com outro momento polêmico, no fim do sexto episódio.

De férias na paradisíaca Ischia, Lenú trabalhava em uma casa na ilha que recebeu a família de Donato Sarratore (Emmanuel Valenti). Durante uma noite, ele abusou sexualmente da garota. Ela estava deitada em uma cama quando foi beijada na boca e tocada em suas partes íntimas.

Para a história, a investida repugnante de Donato fez com que Lenú tivesse ódio não apenas dele, mas também do seu filho, Nino (Francesco Serpico). Isso é importante, porque desde criança ela sempre foi apaixonada por Nino e o estupro cometido pelo pai enterrou de vez esse sentimento.

Em 2016, a Rai já havia censurado uma cena de sexo gay entre Connor (Jack Falahee) e Oliver (Conrad Ricamora), da série How to Get Away with Murder. Na época, atores e produtores do drama da rede americana ABC repudiaram o corte da emissora italiana. O showrunner Peter Nowalk publicou um tuíte, direcionado ao público do país, que mostrava a cena do sexo (implícito).

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