VEM PARA O ESTÚDIO
FÁBIO SEIXO/DIVULGAÇÃO
Betina Polaroid com uma de suas câmeras; ela utilizou equipamento ao entrar em Drag Race Brasil
Betina Polaroid se tornou um fenômeno após quase ter sido eliminada no primeiro episódio de Drag Race Brasil. A artista de 46 anos sacudiu a poeira, deu a volta por cima e se tornou uma das favoritas à coroa. Ela, contudo, ressalta que o reality show do Paramount+ vai além de conquistas individuais --tornando-se uma plataforma pelos direitos das pessoas LGBTQIA+.
Em entrevista exclusiva ao Notícias da TV, a drag reforça a importância da atração por dar visibilidade a pessoas queers em meio a uma onda conservadora no Brasil.
"Essa conquista de maior visibilidade, segurança e dignidade para a comunidade LGBT não é uma conquista só para a gente que está em Drag Race. É para todo mundo. São questões até difíceis de colocar em palavras, já que tenho mais facilidade com imagens. Até porque minha voz é rouca [risos]", destaca ela, sobre sua marca registrada.
Afinal, Betina também é fotógrafa e já registrava a cena drag no Rio de Janeiro antes de se montar pela primeira vez. "Eu comecei a fazer figurinos com sucatas de materiais fotográficos e filmes antigos. Tudo que poderia virar lixo, aproveitava para fazer minhas montações", relembra.
Um presente de uma amiga, a fotógrafa Ana Lúcia, acabou por batizá-la como drag queen. "Ela me deu uma câmera polaroid da Barbie, que era da filha dela, ainda funcionando. Rosa e verde. Achei que era a analogia perfeita", acrescenta.
Betina, inclusive, registrou a sua chegada em Drag Race com uma polaroid. Os pedidos dos fãs foram tantos que ela até revelou o resultado nas redes sociais.
Betina foi considerada pelo júri --formado por Grag Queen, Bruna Braga e Dudu Bertholini-- como uma das piores na noite de estreia. Ela, porém, virou meme justamente pela performance no desafio, em que as competidoras tinham que gravar um rumix [compor uma canção e gravar um videoclipe].
O verso "vem para o estúdio de Betina Polaroid" se transformou no primeiro viral de Drag Race Brasil. "O pior é que realmente fiquei apavorada por achar que corria mesmo o risco de ser eliminada. Mas fantasiei naquele momento que a batalha era entre as melhores", revela.
A artista enfrentou Diva More mesmo com as pernas bambas e o ar rarefeito da Colômbia, onde ficam os estúdios da Paramount. Ela, porém, foi surpreendida por ter de dublar uma música de Pabllo Vittar com Pocah.
"Eu ensaiei muito uma música da Gretchen, que era jurada convidada do episódio. Mas eu sabia a letra de Bandida e estava muito segura", diz.
Agora, o sonho de Betina é levar para o seu estúdio ninguém menos do que Letícia Novaes, a Letrux. Elas chegaram a ser comparadas fisicamente pelos fãs do programa. "Até já entrei em contato", conta.
DIVULGAÇÃO/PARAMOUNT
Betina fora de drag
Betina chegou à semifinal do programa em uma virada espetacular, em que se tornou a última das competidoras a ganhar um broche --símbolo de que foi a melhor da noite. A vitória veio justamente em um dos episódios icônicos, o do Ball [o baile, em que as drags têm de mostrar três figurinos diferentes a partir de um determinado tema].
A trajetória dela chegou a ser chamada por Grag Queen de "jornada do herói", por ter saído das piores para se tornar uma das melhores. Os fãs até mesmo a tornaram "Simone Tebet das drags", colocando o rosto dela na publicidade da ministra do Planejamento --cujo slogan era "ela não para de subir" durante as eleições de 2022.
"Eu recebi muitas frases de apoio dizendo: 'ela não tem os jurados, ela não tem vitória, mas ela tem o povo [risos]'. É muito gostoso receber esse apoio", analisa Betina, que já foi surpreendida por fãs até mesmo ao deixar o seu analista.
"Estava saindo do prédio, ainda processando a sessão, quando fui abordada por duas meninas, ainda meio olhando para o infinito [risos]. Foi legal porque transformaram um momento de bad em algo bom", diz.
Betina se surpreendeu com a aceitação de suas referências --como Rita Lee (1947-2023) e David Bowie (1947-2016)-- entre os fãs mais jovens. "O mais engraçado é que faço mais sucesso com as mães, porque elas se identificam comigo. Afinal, a gente tem essas mesmas lembranças dos anos 80", brinca.
A artista, muitas vezes, busca na própria infância aquela "criança viada" que foi reprimida para finalmente lhe dar o direito de ser quem sempre quis. "Aquele menino que já sonhava em se conectar com tudo que era associado ao feminino, mas não tinha ainda como", finaliza.
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