Análise | Teledramaturgia
Paulo Belote/TV Globo
Marcello Novaes em Sol Nascente; novela das seis passa por 'barriga' e perde relevância
RAPHAEL SCIRE
Publicado em 31/12/2016 - 6h21
O telespectador mais atento não deixou de notar que Sol Nascente, a novela das seis da Globo, empacou e esgotou sua história antes mesmo de chegar ao capítulo final. Com pouco mais de três meses de exibição, a produção enfrenta o pesadelo de todo folhetim: a barriga, aquele período em que absolutamente nada relevante acontece e a história simplesmente não avança.
A insípida trama central envolvendo Alice (Giovanna Antonelli), Mario (Bruno Gagliasso) e César (Rafael Cardoso) repete-se a cada capítulo.
A loucura da vilania de César faz com que ele arme o que estiver ao seu alcance para causar o ciúme de Mario em relação a Alice. Invariavelmente, ele consegue o que quer, o casal briga e depois volta, ou então os dois ficam naquele lenga-lenga sem fim em que um não para de pensar no outro e, com isso, história que é bom, nada.
Outro núcleo mal trabalhado é o do triângulo amoroso envolvendo os pescadores Dora (Juliana Alves), Thiago (Marcello Melo Jr.) e a artesã Yumi (Jacqueline Sato).
No início da trama, Dora era uma mulher completamente apaixonada, dedicada e vivia um casamento perfeito com Thiago. No paralelo, ele conheceu a sobrinha de Tanaka (Luis Mello) e os dois começaram uma amizade que aos poucos foi evoluindo para o amor _premissa semelhante à do casal central.
O problema é que os autores, para tornar o romance entre eles convincente, transformaram Dora em aprendiz de vilã de uma hora para outra. A pescadora engravidou mas perdeu o bebê. Desde então, começou a sofrer psicologicamente, e seu perfil mudou bruscamente. Dora tornou-se atordoada e agressiva com o marido, que se aproximou cada vez mais de Yumi.
Mas eis que Dora se dá conta de não sentir mais nada por Thiago e, ao descobrir que ele e Yumi estão envolvidos, decide oferecer um jantar surpresa para os dois. É uma situação no mínimo forçada dentro do enredo desenvolvido até aqui, e a sensação é a de que estão tentando a todo custo convencer o telespectador de que Thiago deve ficar com Yumi por conta do temperamento imprevisível de Dora.
Já o entrecho da máfia italiana que perseguia o casal Geppina (Aracy Balabanian) e Gaetano (Francisco Cuoco) parece ter ficado de lado e pouco se toca no assunto. Apesar de forçada, a história dos mafiosos bufões poderia fazer o telespectador menos exigente comprar a ideia. Está adormecida, como boa parte da narrativa de Sol Nascente.
Única trama minimamente convincente no folhetim, a rebeldia adolescente de Milena (Giovanna Lancelotti) e seu envolvimento com Ralf (Henri Castelli) conseguem gerar um princípio de conflito dentro da história mais interessante da novela, a que diz respeito a Vittorio (Marcello Novaes) e Lenita (Letícia Spiller). Os dois atores têm química, e a volta da ex mulher de Vittorio, Loreta (Claudia Ohana), deu uma pequena chacoalhada na trama.
Afora poucas movimentações recentes, como as entradas de Loretta e Dona Mocinha (Nívea Maria), nem todas as mudanças promovidas em Sol Nascente foram capazes de tirá-la da mesmice. A novela já se esgotou, e o melhor para ela, nesse ponto, seria a antecipação do último capítulo.
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