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Análise | Teledramaturgia

Sem sexo, minissérie Felizes para Sempre? mataria audiência de tédio

Reprodução/TV Globo

Maria Fernanda Cândido e Paolla Oliveira se beijam no capítulo de sexta-feira (30) de Felizes para Sempre? - Reprodução/TV Globo

Maria Fernanda Cândido e Paolla Oliveira se beijam no capítulo de sexta-feira (30) de Felizes para Sempre?

DANIEL CASTRO

Publicado em 1/2/2015 - 16h55

Não foi à toa que o assunto mais comentado da TV na semana passada foi o bumbum de Paolla Oliveira, que ela mostrou no capítulo de terça-feira (27) de Felizes para Sempre?. O sexo move a nova minissérie da Globo. Sem sexo, o programa mataria a audiência de tédio, seria um chatérrimo discurso amoroso com a corrupção de pano de fundo. Na dramaturgia clássica, os personagens sempre têm uma motivação, algo que os faz empreender uma jornada. Em Felizes para Sempre?, esse combustível é o sexo.

Isso não quer dizer que Felizes para Sempre? seja uma minissérie ruim. Pelo contrário. É ótima. O sexo não é só apelação, é razão de ser. Mas a narrativa é lenta, cool demais para a TV aberta. O primeiro capítulo foi um porre. Gastaram-se dois enormes blocos apenas para apresentar, ainda superficialmente, a família Drummond, em torno da qual tudo gira, especialmente o empreiteiro rico e corrupto Cláudio (Enrique Diaz). O telespectador, porém, que resistiu ao sono foi recompensado. No terceiro bloco, finalmente apareceu Danny Bond, a prostituta sensação de Paolla Oliveira, e a coisa começou a andar.

A minissérie foi pegando aos poucos, esquentando a cada capítulo. O segundo episódio começou com um promissor ménage à trois, mas a personagem de Maria Fernanda Cândido (Marília) cortou o barato de Danny e Cláudio. Na subtrama da corrupção, aprendemos como nasce uma concorrência pública fraudada e vimos que o "perdedor" Hugo (João Miguel), irmão de Cláudio, é um potencial Pedro Collor, que denunciou o esquema de corrupção no governo do Fernando Collor, culminando com um impeachment em 1992. Não será surpresa, contudo, se o verdadeiro delator de Cláudio Drummond for Joel (João Baldasserini).

Mas o protagonista de Felizes para Sempre? é o sexo, e aqui ele é servido para quase todos os gostos. Tem a prostituta gostosa, tem lesbianismo, sexo entre jovens, sexo na terceira idade e uma nudez corajosa, que não esconde os pelos pubianos de homens (geralmente, só mulheres podem exibir a púbis).

A minissérie muda com a entrada de Danny Bond porque ela é a força que implode o tédio _da narrativa e do casal central. Ela chega para apimentar o casamento de Cláudio e Marília, mas acaba de vez com ele. Cláudio se apaixona por ela, a ponto de sugerir casamento e propor uma fuga de Brasília, onde a história se passa. Ela fica a fim mesmo é da mulher de Cláudio, e não desiste enquanto não a leva para a cama. 

Nas outras duas tramas paralelas, o que restava dos casais aparentemente felizes dos primeiros 40 minutos da minissérie também desmoronou. Como a Carminha de Avenida Brasil, a Tânia de Adriana Esteves trai o marido descaradamente, mas levamos quase uma semana inteira para descobrir que nem o filho adolescente é do marido dela, Hugo. No mesmo capítulo, Joel viu com os próprios olhos que Suzana (Carol Abras) ama outro homem.

Nesta próxima semana, a minissérie chegará ao ápice com um crime. Até agora, apenas preparou o terreno para esse acontecimento. Qualquer um pode morrer. Todos podem matar.

A narrativa lenta de Felizes para Sempre? talvez explique sua audiência papai-com-mamãe da minissérie. Os primeiros capítulos oscilaram entre 16 e 17 pontos na Grande São Paulo. Ficaram distantes dos 33 alcançados por Amores Roubados em 2014. Mas a estabilidade dos números revela também que os telespectadores que superaram o tédio absoluto dos primeiros blocos gostou do que viu depois. E aprovou.


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