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Crítica | Novela das sete

Repetitiva, Geração Brasil parece novela de um personagem só

Renato Rocha Miranda/TV Globo

Jonas Marra (Murilo Benício) com Davi (Humberto Carrão) e Manu (Chandelly Braz), em cena da novela - Renato Rocha Miranda/TV Globo

Jonas Marra (Murilo Benício) com Davi (Humberto Carrão) e Manu (Chandelly Braz), em cena da novela

RAPHAEL SCIRE

Publicado em 7/7/2014 - 12h18
Atualizado em 8/7/2014 - 6h03

Picotada durante a primeira fase da Copa, a novela Geração Brasil (Globo) aproveitou a oportunidade para lançar um aplicativo de vídeos disponível para download no site oficial da trama. A tentativa era a de promover a história também em outras telas, já que a novela caminha para a interatividade. Foi um tempo também de limpeza, uma vez que os autores suavizaram as referências tecnológicas e o inglês usado nas falas de alguns personagens.

Mas é importante notar que, apesar dos avanços transmídias, a história que está sendo contada na tela principal gira em círculos. Completamente centrada no protagonista, Jonas Marra (Murilo Benício), Geração Brasil não segue adiante.

A novela começou com a vinda da família Marra para o Brasil. Jonas logo promoveu um concurso para encontrar seu novo sucessor e agora enfrenta o drama de uma doença incurável. Com isso, as histórias românticas foram deixadas em segundo plano, apesar de os autores já terem esboçado o romance entre ele e a jornalista Verônica (Taís Araújo), destaque de todo o folhetim até então. O casal protagonista Manu (Chandelly Bras) e Davi (Humberto Carrão), passado o tal concurso, não encontra impeditivo e precisa deslanchar.

Outra prova dessa concentração de história no protagonista é que até mesmo o mais cômico dos personagens tenta emular o magnata da tecnologia. Barata (Leandro Hassum) é apaixonado por Verônica e chegou a promover um concurso para encontrar um gerente para sua loja de varejo, tal como Jonas. O figurino, aos poucos, também está sendo copiado. O personagem rouba a cena quando entra no ar e parte desse sucesso se deve ao carisma de seu intérprete.

Apesar de ter resgatado o humor para o horário, Geração Brasil não anda lá muito engraçada. Tem em cena um inspirado Lázaro Ramos (Brian Benson), em dobradinha com Luís Miranda (Dorothy), mas ainda assim é pouco.

Nota-se também a ausência de grandes vilões, mesmo que o horário peça malvados com um pé no riso. Glaucia Beatriz (Renata Sorrah) ainda não disse a que veio. Em compensação, há um excesso de minimonólogos – quase todos os personagens já tiveram a chance de falar sozinhos. Cansa.

O elenco está bem, ainda mais com a saída dos dois piores personagens da história: Alex (Fiuk) e Maria Vergara (Debora Nascimento), mortos em um acidente de carro, cujas circunstâncias ainda não foram explicadas e podem render desdobramentos interessantes, o que esperamos que aconteça logo. Mas bons atores encontram papéis aquém de seus talentos. É o caso de Aracy Balabanian (Iracema), Marcelo Airoldi (Elias) e até mesmo Claudia Abreu (Pamela).

Apesar de uma direção adequada, atores que defendem bem seus personagens e um texto bom, Geração Brasil precisa de um chacoalhão. E para isso não basta só diminuir as referências tecnológicas da trama, é preciso contar uma história mais empolgante.


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