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Análise | Teledramaturgia

Personagem de Susana Vieira não faria a menor falta em A Regra do Jogo

Divulgação/Gshow

Susana Vieira em A Regra do Jogo; sem Adisabeba, trama da novela não seria afetada - Divulgação/Gshow

Susana Vieira em A Regra do Jogo; sem Adisabeba, trama da novela não seria afetada

RAPHAEL SCIRE

Publicado em 9/3/2016 - 6h02

A função dos núcleos de humor, em uma novela cuja trama central é tão carregada como a de A Regra do Jogo, é aliviar o drama e dar um respiro tanto para o público quanto para quem escreve. Mas essa máxima, no caso da novela das 21h da Globo, é válida somente pela metade: as histórias paralelas, supostamente engraçadas, convidam o público a desviar a atenção da narrativa.

Sem conexão com as histórias de Romero (Alexandre Nero), Toia (Vanessa Giácomo) e da facção criminosa, tramas como a de Merlô (Juliano Cazarré) e todo o núcleo de Feliciano (Marcos Caruso) são fios soltos dentro de um novelo central. Isso sem mencionar a comunidade do Morro da Macaca. A favela idealizada até tentou, mas não chegou nem perto de ser a reprodução do microcosmo da classe C que foi o bairro do Divino de Avenida Brasil (2012).

A personagem de Susana Vieira poderia ser eliminada da história sem prejuízo algum. Adisabeba tem presença, é verdade, mas muito mais graças à atuação espalhafatosa da atriz do que à importância da personagem, que serve ora de orelha de Toia e Juliano (Cauã Reymond), ora de mulher de recado, fazendo com que os acontecimentos da novela sejam espalhados pela favela. E sua relação superprotetora com o filho Merlô é cansativa e, por mais que o Fantástico tente encontrar personagens semelhantes da vida real, a trama soou exagerada.

E Merlô e suas Merlozetes, Ninfa (Roberta Rodrigues) e Alisson (Letícia Lima), também cansaram. O vai e volta deles fez com que a trama não saísse do lugar, ainda que na reta final as figuras de Janete (Suzana Pires) e Mel (Fernanda Souza) também disputassem a atenção do funkeiro. Merlô foi de pegador a ermitão, mas a trama ficou mesmo foi repetitiva.

joão cotta/tv globo

Os atores Bruno Mazzeo e Monique Alfradique em cena da novela A Regra do Jogo

Também no Morro da Macaca, o quarteto formado por Tina (Monique Alfradique), Rui (Bruno Mazzeo), Oziel (Fabio Lago) e Indira (Cris Vianna) conseguiu ser o melhor exemplo de trama deslocada de A Regra do Jogo. A história deles andou em círculos, e as trocas de casais foram recorrentes ao longo da novela. Agrava ainda mais a situação desse núcleo o fato de não terem um pingo de graça. Forçada, a trama ficou desgastada bem antes de a novela chegar ao fim. 

Embora bem mais engraçado do que o restante das tramas cômicas da novela, o núcleo de Feliciano subaproveitou o ótimo elenco que tinha à disposição. O melhor exemplo disso foi a transformação sofrida por Breno (Otávio Muller). Ex gerente de banco fracassado, o personagem, de uma hora pra outra, decide virar mulher e a atender por Valquíria. Mas em momento algum tocaram a fundo na problemática trans, tratada com superficialidade sob a capa do humor. A trama resultou caricata.

Além dessas fraquezas todas do roteiro, João Emanuel Carneiro teve de administrar um problema externo: a concorrência e o susto pregado pela ascensão de Os Dez Mandamentos. A trama bíblica emplacou índices altos para os padrões da Record e roubou público da de A Regra do Jogo, que só decolou mesmo depois que a saga de Moisés chegou ao fim, em meados de novembro.

As histórias feitas para enrolar o telespectador foram o ponto fraco de A Regra do Jogo e só contribuíram para desgastar a trama antes do tempo. Sem elas, a novela poderia ter sido bem melhor do que foi. 


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