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Crítica | Novela das onze

História confusa e sem suspense afasta telespectador de O Rebu

Reprodução/TV Globo

Tony Ramos 'passa mal' em cena de O Rebu; novela afasta público por história confusa e sem suspense - Reprodução/TV Globo

Tony Ramos 'passa mal' em cena de O Rebu; novela afasta público por história confusa e sem suspense

RAPHAEL SCIRE

Publicado em 10/9/2014 - 14h29
Atualizado em 10/9/2014 - 19h04

Quando O Rebu estreou, em 14 de julho, chamaram a atenção o arrojo estético da direção, a luxuosidade cênica e a trilha sonora pra lá de elogiada pelos telespectadores. Mas nem tudo deu certo ao longo dos 36 capítulos da novela, como a narrativa confusa e a falta de suspense, que afastaram o público. Confira três pontos positivos e três negativos da história que se encerra nesta sexta-feira (12).

O que deu errado:

1. Confusão narrativa - A curta duração da história se encaixou dentro do padrão que as novelas da faixa das 23h na Globo buscaram nos últimos anos e possibilitou aos autores contar uma história mais concisa, sem necessidade de girar em círculos. Mas a narrativa fragmentada causou estranheza no público. O modo como a história foi contada confundiu quem assistia e não estava acostumado a esse tipo de thriller. Foi um erro, visto que televisão é um meio de comunicação de massa e deve ser compreensível pelos mais diversos públicos.

Ao modificar a lógica do tempo real, a fragmentação narrativa trouxe um respiro ao telespectador sedento por novidades. Exatamente por isso, confundiu boa parte do público mais conservador e acabou por afugentá-lo. Para tentar dissolver essa confusão, os autores investiram na reiteratividade, recurso característico das telenovelas, com inserção de uma cena ou outra já mostrada em capítulos anteriores. Para completar, a falta de um horário fixo de exibição atrapalhou ainda mais o acompanhamento da história.

2. Crítica social superficial - O diretor-geral da novela, José Luiz Villamarim, afirmou que pretendia também discutir ética através da alta sociedade representada na trama. É uma afirmação um pouco pretensiosa, uma vez que o panorama da elite brasileira, ao longo de O Rebu, foi superficial, focado mais nas relações pessoais de Angela Mahler e Carlos Braga (Tony Ramos) do que em referências ao establishment nacional. Houve, sim, a acusação do envolvimento de Braga em um esquema fraudulento de desvio de verbas governamentais e uma menção ou outra às relações dos dois com políticos e poderosos, mas nada além.

3. Brilho apagado - O grande brilho de O Rebu era a megafesta promovida por Angela Mahler, evento no qual o crime que desencadearia os fatos da novela ocorreu. Mas na metade da trama, a história ficou concentrada na investigação criminal e em cenas aleatórias de flashback que explicavam as conexões entre os personagens _alguns casos até irrelevantes que só serviram para despistar o telespectador. O suspense em torno do crime foi deixado de lado e a demora para abrir as histórias só fez desagradar ao público.

O que deu certo:

1. Os medalhões - Em termos de elenco, o trabalho de Tony Ramos é desde já um dos destaques da produção, assim como o de Cássia Kis Magro, visceral e intensa em todas as cenas em que atua. Ramos não surpreendeu com mais uma atuação primorosa, mas vê-lo como vilão foi um brilho a mais à produção, por se tratar de um ator tão carismático. Patricia Pillar também segurou bem sua personagem e Sophie Charlotte desponta como estrela de sua geração.

2. A direção - Ainda que tenha sido suavizada na metade da novela, a fotografia fosca, algo que azulada, incomodou boa parte do público, mas era um charme a mais. Como no cinema, a direção de O Rebu deixou sua marca. Planos mais ousados, câmera na mão que seguia a efervescência da pista de dança e o frescor do olhar do “estreante” em telenovela Walter Carvalho (de O Canto da Sereia e Amores Roubados) contribuíram positivamente para a novela.

3. Os detalhes - O esmero cenográfico _repararam no quadro do pintor italiano Modigliani na parede do escritório de Angela (Patricia Pillar)?_ e a luxuosidade do figurino também foram relevantes e completamente adequados à proposta da festa da alta sociedade. E a trilha sonora foi impecável, um personagem a mais na badalação, que, infelizmente, aos poucos foi sendo deixada de lado. 

O Rebu foi uma novela policial interessante, com elenco bem escalado e direção cinematográfica, mas a fuga da audiência é um preço alto demais que a história pagou por ser cult em um veículo tão popular como a televisão.


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