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Crítica | Novela das sete

Há um mês no ar, Geração Brasil é nerd demais e não empolga

Renato rocha Miranda/TV Globo

Cláudia Abreu, Arlindo Lopes e Murilo Benício em cena de Geração Brasil, novela da Globo - Renato rocha Miranda/TV Globo

Cláudia Abreu, Arlindo Lopes e Murilo Benício em cena de Geração Brasil, novela da Globo

RAPHAEL SCIRE

Publicado em 9/6/2014 - 17h34

Há um mês no ar, Geração Brasil já deu mostras de que trouxe de volta para o horário das 19h o humor característico da faixa. Personagens como Dorothy (Luis Miranda), Brian (Lázaro Ramos) e Barata (Leandro Hassum) cumprem a função de fazer rir em meio a uma trama repleta de referências tecnológicas.

Toda a rapidez com que a história do magnata Jonas Marra (Murilo Benício) é contada falta no desenrolar das histórias amorosas. O casal protagonista da novela, Manuela (Chandelly Braz) e Davi (Humberto Carrão) anda em círculos e só deu o primeiro beijo na última sexta (7), sendo que a atração entre Jonas e Verônica (Taís Araújo) foi consumada um dia antes. Ter cozinhado em banho maria os casais parece não ter sido a melhor estratégia, uma vez que a demora para desenvolver as histórias românticas pode explicar a falta de empatia inicial dos telespectadores.

Por falar em Taís Araújo, é notória a desenvoltura e naturalidade da atriz. Verônica é uma mãe de adolescente que não entende absolutamente nada de tecnologia. Para acompanhar o filho _e também o novo cargo de editora de tecnologia em um site de notícias_ ela tem que aprender sobre o tema. Sua falta de tato, porém, a leva a situações cômicas. Além disso, ela está cercada por dois bons atores, Débora Lamm (Edna) e Leandro Hassum. Mas Taís transita também pelo romantismo, e a história com Jonas é empolgante. Resta apenas ser desenvolvida.

O texto de Geração Brasil é engraçado, mas não chega a ser o fenômeno do riso que a novela anterior dos autores, Cheias de Charme, foi. Comparações são e serão inevitáveis. De imediato, é possível encontrar dois problemas na atual novela.

O primeiro, sem dúvida, é o idioma. Ao ignorar que nem todos os telespectadores dominam o inglês, os autores colocaram na boca dos personagens frases e expressões pequenas, mas de difícil entendimento. O mesmo pode ser dito da “linguagem nerd”, ainda que essa seja mais palatável. Um pouco de didatismo, pelo menos no núcleo americanizado, poderia ser uma solução para a história.

Outro senão é em relação à cota de personagens falando sozinho na história. Ainda que presente em poucos momentos, o recurso incomoda e é um erro em se tratando de construção de roteiro.

Já em relação à direção, foi acertada, apesar de ter sido criticada, a escolha de localizar o telespectador com recursos gráficos e de animação na tela. Pode soar um pouco over, mas a proposta casa bem com a temática da novela.

Alguns personagens lembram outros tipos já vistos em novelas anteriores da emissora. A vilã Glaucia Beatriz (Renata Sorrah) é muito semelhante à outra personagem da mesma atriz, a icônica Nazaré, de Senhora do Destino (2004). Já Marisa (Titina Medeiros) é uma nova versão da fogosa Norminha (Dira Paes), a esposa que enganava o marido em Caminho das Índias (2009).

O elenco é afiado e o triângulo Claudia Abreu, Taís Araújo e Murilo Benício faz bonito em cena. O mesmo pode ser dito dos mais novos: Isabelle Drummond, Humberto Carrão e Chandelly Braz. Há, obviamente, descompassos, a exemplo de Fiuk (Alex) e Debora Nascimento (Maria Vergara), cujo portunhol falado tem de ser legendado.

Geração Brasil é, em resumo, uma boa novela, mas ainda não é empolgante. Por estar no início, é passível de ajustes.

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