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Análise | Amorteamo

Globo inova em série, mas Marina Ruy Barbosa escorrega no sotaque

Renato Rocha Miranda/TV Globo

Marina Ruy Barbosa como a noiva cadáver Malvina de Amorteamo, microssérie que a Globo exibe às sextas - Renato Rocha Miranda/TV Globo

Marina Ruy Barbosa como a noiva cadáver Malvina de Amorteamo, microssérie que a Globo exibe às sextas

RAPHAEL SCIRE

Publicado em 30/5/2015 - 6h11

Traições, marido que maltrata a mulher, mocinhos apaixonados que não podem se casar por pensarem ser irmãos, noiva abandonada na porta da igreja. Certamente, são histórias que você já viu em alguma novela, mas que também estão presentes em Amorteamo, microssérie exibida nas noites de sexta-feira na Globo.

Aqui, o sobrenatural, mais uma vez, ganha espaço na grade da emissora. O título dá duas possibilidades de leitura (amor ao amor e amor à morte), uma sugestão de que o amor e a morte flertam a todo instante em uma produção na qual o melodrama é carregado e que vive no limiar da morbidez e do realismo mágico.

Arlinda (Letícia Sabatella) é casada com Aragão (Jackson Antunes), mas o trai com Chico (Daniel de Oliveira). O marido os flagra na cama, mata o amante e a trancafia num sótão. Mas Arlinda recebe a visita do fantasma de Chico e descobre que estava grávida dele.

Gabriel (Johnny Massaro), o menino fruto da traição, é criado por Aragão. Ele cresce e se apaixona por Lena (Arianne Botelho), a filha da empregada da família. Diante de um golpe digno de folhetim, descobre que o amor não pode ser vivido pois os dois são irmãos.

Na verdade, tudo não passa de uma manobra de Aragão que, falido, obriga o filho de criação a se casar com Malvina (Marina Ruy Barbosa) para salvar a família da bancarrota. Mas Arlinda conta a verdade para Gabriel, que abandona a noiva na igreja. Malvina, então, se atira de uma ponte e morre. Sentindo-se culpado, Gabriel a desenterra do túmulo, o que faz com que todos os mortos da cidade também ressuscitem _aqui, destaque para Tonico Pereira como Zé, o coveiro da cidade e melhor amigo de Gabriel.

Se o enredo peca pela falta de originalidade, a microssérie ganha pontos por sua realização. A primeira coisa que salta aos olhos na série é a fotografia ocre, num jogo constante de luzes e sombras. Há também um certo exagero na caracterização dos personagens, que vai do figurino com babados e jabôs aos penteados, passando por suas expressões (repare nos olhos arregalados de Cândida/Guta Stresser), aumentando o caráter assustador da história.

Há ali também uma forte referência aos filmes do diretor norte americano Tim Burton, que vai desde Edward, Mãos de Tesoura (1990) a, é claro, A Noiva Cadáver (2005). Mas a referência não torna Amorteamo uma cópia. A série trouxe consigo características únicas, como a ambientação no Recife antigo, com lendas e crenças locais, como o prenúncio de tragédia quando o sino da igreja badala fora de hora, e a prosódia da fala dos personagens, ainda que Marina Ruy Barbosa tenha escorregado no sotaque.

É engraçado que apesar da produção contar com os nomes de Guel Arraes e Claudio Paiva, dois Midas do riso na emissora, ela tem pouco de humor, mas também não chega a ser de terror. Junto à dupla está Newton Moreno, que trouxe sua experiência da cena teatral para a televisão.

A história melodramática poderia ser muito bem uma novela, gênero do qual se distancia por conta de seu caráter experimental. Amorteamo vale ainda pela chance que dá a artistas consagrados de se reinventarem e mostrarem outros talentos, como Letícia Sabatella, que surgiu em cena cantando, faceta pouco explorada da artista.

É pena que produtos afins, mais bem acabados e com um cuidado especial, sejam reservados para um horário de exibição péssimo, vide a recém encerrada série Os Experientes. Ainda assim, Amorteamo deixa no ar uma pergunta: seriam produções como essas o futuro da telenovela?


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