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Análise | Felizes para Sempre?

Espinhosa, minissérie da Globo destrói ideal de felicidade de novela

Divulgação/TV Globo

Paolla Oliveira em cena da minissérie Felizes para Sempre?, em que interpreta uma prostituta - Divulgação/TV Globo

Paolla Oliveira em cena da minissérie Felizes para Sempre?, em que interpreta uma prostituta

RAPHAEL SCIRE

Publicado em 27/1/2015 - 5h34

Desde os tempos do pioneiro Malu Mulher (1979) até o mais recente quadro do Fantástico, Eu que Amo Tanto (2014), Euclydes Marinho sempre soube investigar e captar as angústias e os anseios femininos. Com Felizes Para Sempre?, estreia da semana na Globo, ele não foge à regra: suas personagens femininas são, sem dúvida, o esteio e o motor da minissérie.

Releitura de Quem Ama Não Mata (1982), escrita também por Marinho, Felizes Para Sempre? toma como ponto de partida a história de cinco casais e suas respectivas relações. Mas além da aparência de normalidade, as duplas escondem inquietudes e dilemas morais que movimentam a história. E o telespectador também sente essa inquietude à medida em que cada episódio abre mão de explicar tudo direitinho, deixando abertas diversas possibilidades de interpretação.

Outro ponto interessante da minissérie é o fato de desconstruir o ideal de felicidade que boa parte da ficção televisiva retrata. Aqui, os casais estão em crise, o romantismo fica em segundo plano e são a ruptura amorosa e o desgaste dos relacionamentos que servem de combustível.

Não há sutilezas, como na cena em que Marília (Maria Fernanda Cândido) e Claudio (Enrique Diaz) estão em uma terapia de casal e ele, sem rodeios, diz que ela é "travada", e ela rebate perguntando as fantasias do marido. É quando ele sugere a presença de uma outra mulher entre eles. Apesar de reticente, Marília aceita a proposta de ménage de Claudio.

É aí que entra a figura de Denise/Danny Bond (Paolla Oliveira), que encarna uma garota de programa de alto nível e circulará pelos cinco casais da história. Há ainda a presença de Adriana Esteves (Tania), em sua volta à TV depois da emblemática Carminha, de Avenida Brasil (2012).

A linguagem é arrojada, carrega um quê de despudor, completamente apropriada dentro do contexto das falas. O sexo, por exemplo, é encarado como algo natural, aliás, como o deve ser, e passa desde a esposa com apetite sexual apagado (Tania), o sexo virtual feito por Suzana (Caroline Abras) e Buza (Rodrigo dos Santos), e vai até Norma (Selma Egrei), que já na terceira idade e diante de um marido “broxa” deixa se levar pelos encantos de um homem muito mais novo do que ela.

Os homens também não fazem feio e, tão forte quanto as mulheres, conseguem imprimir verdade. Destaque para João Miguel (Hugo) e Enrique Diaz (Claudio). Ainda que Diaz interprete um tipo cafajeste, ao analisar a densidade dos personagens, qualquer julgamento de valor em relação à conduta deles pode ser um passo em falso. Mais uma vez, deixar a história em aberto ao final de cada episódio é uma decisão acertada, pois joga com o público e o faz pensar e questionar o que foi exibido. 

Com fotografia bem destacada (muito bonita a cena em preto e branco em que Marília recorda-se da morte do filho), Felizes Para Sempre? não pesa a mão na direção cinematográfica (Fernando Meirelles), e o texto assume papel central. O único porém é o horário de exibição um pouco ingrato, mas que, por outro lado, permite tocar em temas mais espinhosos. 


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