Análise | Entretenimento
Reprodução/TV Globo
Monica Iozzi, Lúcio Mauro Filho e Otaviano Costa em um momento 'fofura' do Vídeo Show de ontem (26)
DANIEL CASTRO
Publicado em 27/5/2015 - 6h43
"Este programa está virando a casa da Mãe Joana", disse Monica Iozzi ao ver Lúcio Mauro Filho, caracterizado como o Bigode de Chapa Quente, "invadir" o cenário do Vídeo Show na edição de ontem (26). A cena foi combinada, mas a frase define com perfeição o atual momento do vespertino da Globo: o Vídeo Show virou mesmo a casa da Mãe Joana. Desfigurado desde que foi transformado em talk show de Zeca Camargo, em novembro de 2013, vive hoje um momento em que não sabe se é um programa de humor ou uma revista sobre os bastidores chapa-branca da Globo.
Na dúvida entre divertir e informar, o Vídeo Show às vezes é engraçado (principalmente quando reprisa quadros de humorísticos antigos); muitas vezes, é chato (quando seus apresentadores se lançam em tentativas histéricas de fazer graça, por exemplo). E é muito pouco informativo.
Com Monica Iozzi, tem um quê de CQC sem os repórteres do CQC. Meio locutor de FM, Otaviano Costa faz micagens e grita para chamar a atenção da dona de casa em seus afazeres domésticos. Manda beijo para todo mundo, agradece ao garçon que atendeu bem a família no restaurante e diz "que lindo!" e "que delícia" para tudo. Sintomas da falta de texto no teleprompter.
Nas últimas semanas, o programa andou improvisando um talk show. Quase todo o elenco de Chapa Quente já fez "visitas surpresa" ao estúdio do Vídeo Show. Ontem, o vespertino aproveitou a passagem de Ivete Sangalo pelo Encontro de Fátima Bernardes e fez meia dúzia de perguntas para ela, dividindo a bancada durante alguns minutos. Por que ela saiu do júri do SuperStar, que era o que todo mundo queria saber da boca da baiana, ninguém perguntou.
Ao vivo desde abril, o Vídeo Show andou armando uns "flagrantes" nos estúdios de novelas. Dennis Carvalho encenou uma bronca em Bruno Gagliasso, supostamente atrasado. Há coisa de um mês, a repórter Marcela Monteiro entrevistou o casal Sophia Abrahão e Sérgio Malheiros. Fingiu que os encontrou casualmente no Projac. Mas tudo era tão combinado que já havia até geradores de caracteres especiais para shippar o casal (shippar, para quem não sabe, é a "arte" adolescente de juntar nomes de personagens, como Pedrina, de Pedro mais Karina, ou Monota, de Monica mais Otaviano, como o próprio sugeriu).
O "novo" Vídeo Show resgatou os "clássicos" Cissa Guimarães e Miguel Falabella. Cissa não compromete, mas teria sido melhor preservá-la no passado. Falabella é um ser estranho no programa. Depois de tanta gritaria, ele o encerra com uma mensagem de auto-ajuda, eventualmente reveladora de seu mau ou bom humor.
O programa também investiu em um quadro em que Marcelo Serrado lidera um grupo de atores imitando cenas célebres da dramaturgia. Trata-se de uma das coisas mais toscas já feitas pela Globo desde que decretou a falência das Organizações Tabajara. Qualquer um pode fazer em casa.
Para os nostálgicos quem querem apenas bastidores de TV (Globo), o Vídeo Show só vale a pena quando mostra making ofs de cenas que acabamos de ver nas novelas ou séries (da Globo). São making ofs honestos, que mostram mesmo como determinadas sequências são produzidas, sem medo de estragar a "magia" que supostamente engana o telespectador.
A audiência não reagiu desde que o Vídeo Show virou ao vivo. Continua na casa dos oito, nove pontos. Eventualmente, empata (e até perde) com o Balanço Geral SP, que no horário exibe o quadro Hora da Venenosa. Pelo visto, o público que quer se informar sobre TV e famosos prefere as "picantes" de Fabíola Reipert _que, ao contrário de Monica Iozzi e Otaviano Costa, se recusa a mandar beijo para Dani Calabresa.
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