Análise | Selinho lésbico
Reprodução/TV Globo
Tainá Müller (Marina) e Giovanna Antonelli (Clara) em cena da novela Em Família, da Globo
RAPHAEL SCIRE
Publicado em 30/6/2014 - 22h54
Atualizado em 30/6/2014 - 22h58
Personagens homossexuais não são mais novidades nas novelas brasileiras, mas é interessante notar o alvoroço que casais do mesmo sexo provocam tanto na imprensa especializada em TV quanto no público. Tratado com um certo lenga lenga no início de Em Família, o romance lésbico entre Clara (Giovana Antonelli) e Marina (Tainá Müller) causou incômodo, o que é bom. Novela que não provoca inquietação no sofá não vale a pena de ser acompanhada.
Um deslize de roteiro quase colocou toda a história a perder: Clara e Cadu (Reynaldo Giannechini) viviam um casamento água com açúcar. Ao conhecer Marina, a dona de casa sentiu uma forte atração, dando pistas que dali poderia surgir algo a mais. A relação esquentou e o marido adoeceu, bem na hora que o romance estava engatilhado. O público torceu por Cadu e o casal Clarina, como as duas ficaram conhecidas nas redes sociais, foi cozinhado em banho maria (como o é boa parte da história de Manoel Carlos).
Mas o autor, experiente, conseguiu reverter o bafafá em história. Maneco fez com que Clara e Cadu se separassem e antes de unir as pombinhas tratou de deixar Cadu bem feliz. É bem verdade que o gourmet guarda um certo ressentimento por Marina, o que é natural em um homem que acaba de ser abandonado. Nos trilhos, Manoel Carlos, enfim, acelerou a história de amor das duas.
No capítulo de hoje, Marina pediu Clara em casamento e as duas trocaram um rápido beijo _um selinho bem sem vergonha, diga-se de passagem. Foi uma cena rápida, porém significativa e a carícia trocada, inserida neste contexto, mais do que natural. Depois de Felix (Mateus Solano) e Niko (Thiago Fragoso), em Amor à Vida (2013), o beijo gay parece ser tão essencial quanto o beijo dos mocinhos no final de novela. O público pode até torcer o nariz, mas que acompanha, acompanha.
No caso de Em Família, porém, é possível notar uma particularidade: aquecida pelo furor da novela anterior, a atual trama das nove deu um passo adiante no que se refere ao retrato de um casal homossexual.
A construção do amor das duas, que no início não convencia, passou a ser mais palatável. Cenas bonitas e metafóricas agregaram muito mais ao romance do que propriamente o beijo de hoje. O roçar de pés debaixo de uma mesa de restaurante, o esmalte combinado, o andar de braços dados e a sensualidade de um ensaio fotográfico protagonizado por elas, por exemplo.
Clara tem, ainda, o dilema de contar para o filho sobre sua escolha. O pequeno Ivan (Vitor Figueiredo) já deu provas de que gostaria de ver a mãe feliz ao lado de outro homem e a aceitação do garoto ou não também pode render boas cenas nessa reta final.
Tantos os momentos românticos como os conflitos de Clarina só contribuem para dar mais naturalidade ao casal. O beijo é, portanto, a consumação do inevitável. Que bom que não ficou só para o último capítulo e a torcida para que ele se repita mais até o final da novela ganha força.
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