Análise | Teledramaturgia
Divulgação/Montagem/TV Globo
O ator Marco Nanini se transforma em Eta Mundo Bom! como medigo e como vedete
RAPHAEL SCIRE
Publicado em 10/5/2016 - 5h20
Depois de 14 anos preso a um mesmo personagem, o Lineu de A Grande Família (2001-2014), Marco Nanini voltou às novelas como Pancrácio, o professor de bom coração de Eta Mundo Bom!, o folhetim das seis da Globo. Com uma gama enorme de interpretações, visto que Pancrácio vira e mexe se fantasia para poder ganhar dinheiro, Nanini deixou Lineu no passado e vem dando um show em cena.
Pancrácio já foi de tudo um pouco: mendigo, freira, cigana, ex-Miss São Paulo, índia e até gueixa. Nanini consegue impressionar pelo fato de, a cada caracterização, imprimir nuances que diferenciam as fantasias do personagem principal, seja no gestual, na expressão facial ou até mesmo no modo de falar. Tarimbado, o ator já havia experimentado essa versatilidade de composição no teatro, com a peça O Mistério de Irma Vap, em que ele dividia o palco com Ney Latorraca, sob a direção de Marília Pêra.
Ainda que as situações sejam repetitivas _Pancrácio invariavelmente se mete em confusão e tem de se esquivar das investidas de Romualdo (Marcio Tadeu Lima)_, Walcyr Carrasco soube utilizar em cena o talento de Nanini, ao possibilitar ao ator crescer na história mesmo com um personagem coadjuvante. Embora tenha papel central em Eta Mundo Bom!, como o mentor do protagonista Candinho (Sérgio Guizé), Pancrácio poderia simplesmente servir de orelha _aquele personagem tampão que só escuta as agruras do mocinho e limita-se a dar conselhos.
Mais do que isso, Pancrácio movimenta a história e circula por boa parte dos núcleos da novela. Já pôde ser visto dando conselhos da fazenda de Cunegundes (Elizabeth Savalla) à pensão de dona Camélia (Ana Lúcia Torre). Recentemente, Carrasco começou a trabalhar a história do personagem para que ele se aproximasse ainda mais de Anastácia (Eliane Giardini), visto que os dois só se "conheciam" de quando ele se travestia de algum outro personagem na porta da igreja que ela frequenta.
divulgação/montagem/tv globo
Em Eta Mundo Bom!, Marco Nanini mostra sua versatilidade como ex-combatente e cigana
Se no início do folhetim Pancrácio guardava um amor por Eponina (Rosi Campos), com a vinda dele para a cidade e a aproximação amorosa de Anastácia, a excelente personagem de Rosi correu o risco de ficar sem par no enredo, logo ela que tanto quer casar e conserva-se virgem para o amado.
Mais uma vez, Marco Nanini serve de coringa para a novela: Walcyr Carrasco colocou em cena Pandolfo, irmão gêmeo de Pancrácio e que tende a balançar o coração da caipira.
Cabe aqui um parênteses para falar do trabalho de Rosi Campos, que soube imprimir sutilezas em uma personagem que poderia muito bem cair na caricatura. Ingênua, algo que burra, Eponina alterna cenas de muito humor com a sobrinha Mafalda (Camila Queiróz) e também de doçura, principalmente quando forma par com Nanini e se mostra apaixonada pelo professor que a abandonou.
Ao dar vida a tipos tão variados como os de Eta Mundo Bom!, Marco Nanini mostra que o espaço de Lineu ficou apenas na memória afetiva do público, rejuvenesceu-se na televisão e conseguiu trazer graça e profundidade ao personagem da novela. São poucos os atores que, em cena, conseguem ser muitos.
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