O Sétimo Guardião foi uma novela 3D: Decepcionante, dispensável e desimportante

Antes mesmo de começar, O Sétimo Guardião, novela das nove da Globo, já ganhava destaque na imprensa por conta da polêmica que provocava. Silvio Cerceau, ex-aluno de Aguinaldo Silva, reivindicava a co-autoria da trama, o que obrigou Silva a reescrever a sinopse desenvolvida por ele e seus alunos no curso que deu origem à história.

A emissora se precaveu e tratou de creditar todos os alunos no fim de cada capítulo, mas a pendenga judicial ainda se estende. Diante de tanto falatório, foi até natural que a expectativa em torno da história crescesse. Mas bastou a estreia para que o público recebesse um balde de água fria.

O Sétimo Guardião frustrou quem esperava uma grande novela repleta de elementos mágicos. Não trouxe absolutamente nada novo para a teledramaturgia brasileira e, para completar, não marcou a história do gênero. A trama de Aguinaldo Silva tornou-se uma apenas novela 3D: decepcionante, dispensável e desimportante.

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O grande pecado do folhetim foi a falta de química, e não só entre os protagonistas Gabriel(Bruno Gagliasso) e Luz (Marina Ruy Barbosa), mas principalmente entre a história e o público.

Aguinaldo Silva poderia ter usado o realismo fantástico como metáfora para discutir mazelas e despropósitos da sociedade e da política brasileiras --e histórias para isso não faltavam-- mas preferiu tentar criar uma vilã geradora de memes com falas ácidas e que não demorou para ficar enjoativa.

Valentina não esteve em momento algum à altura do talento de Lilia Cabral e o desperdício de talentos foi geral: Tony Ramos (Olavo), Dan Stulbach (Eurico) e Eduardo Moscovis (Murilo) são outros nomes que tiveram papéis bem menores do que mereciam. Conseguir apagar Tony Ramos é um descrédito e tanto para uma novela. Só por isso, O Sétimo Guardião merece o título de péssima.

Os destaques positivos no elenco são bem restritos. Isabela Garcia brilhou como Judith, Elizabeth Savala roubou a cena como a beata Mirtes, Nany People trouxe um pouco de graça com sua Marcos Paulo e Letícia Spiller, apesar do estranhamento inicial, soube compor um tipo bem característico para a primeira-dama Marilda. No mais, personagens secundários nada carismáticos não contribuíram para que o público criasse alguma afetividade com a novela.

Bruno Gagliasso até poderia se destacar como o protagonista, mas sua interpretação apática não ajudou no carisma que o personagem exigia. De quebra, prejudicou a mocinha de Marina Ruy Barbosa, bastante afetada não só pela falta de sintonia com Gagliasso, mas também pelas polêmicas de bastidores envolvendo seu nome como pivô da separação de José Loreto (Júnior), seu par na ficção. A atriz precisa urgentemente de um papel diferente: suas mocinhas insossas já estão tão cansativas quanto sua imagem no vídeo.

Na reta final, a sensação é a de que a história se arrasta a cada capítulo. Nem mesmo o surgimento de um serial killer na trama foi capaz de gerar algum tipo de comoção. Pelo contrário: tem gente que torcia para que todo o elenco fosse eliminado e a novela chegasse ao fim o mais rápido possível.

Marcada pela chatice e sobretudo pelas polêmicas, definitivamente, o melhor de O Sétimo Guardião foi o narrador de chamadas anunciando os últimos capítulos da história. A próxima, por favor.

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