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Remake de Renascer dá sorte e azar; veja quem se deu bem e quem se ferrou

FOTOS: REPRODUÇÃO/TV GLOBO

Montagem com Duda Santos como Maria Santa à esquerda; Theresa Fonseca como Mariana no centro; e Camila Morgado como Iolanda à direita em cenas de Renascer

Maria Santa (Duda Santos), Mariana (Theresa Fonseca) e Iolanda (Camila Morgado) em Renascer

DANIEL FARAD

vilela@noticiasdatv.com

Publicado em 2/9/2024 - 21h00

Renascer vai exibir o seu último capítulo na sexta (6) distante de ser um sucesso, mas também longe de ser um fracasso retumbante como Um Lugar ao Sol (2021) e Travessia (2002). Com uma audiência morna, a novela das nove da Globo teve uma trajetória cheia de altos e baixos --ainda que o público tenha prestado mais atenção nos defeitos do que nas qualidades.

O ápice da história obviamente foram as duas primeiras semanas, em que o autor Bruno Luperi mostrou o porquê de já ser um dos "medalhões" do horário nobre --assim como o avô, Benedito Ruy Barbosa. Ele foi além da primeira versão, preenchendo as lacunas que ficaram sobre a origem de José Inocêncio (Marcos Palmeira).

O roteirista, porém, enfrentou um cenário bem adverso para dar continuidade à trama na segunda fase. A primeira versão, exibida em 1993, já era considerada lenta para a época --característica que ficou ainda mais perceptível na adaptação, que parecia praticamente não sair do lugar.

Luperi teve de inventar diversas novas tramas não só para atualizar a narrativa, mas também preencher os capítulos previstos desde o início pela Globo. A emissora também pecou em exibir uma novela com um tema parecido anteriormente –em que Antônio (Tony Ramos) também rejeitava o filho, Caio (Cauã Reymond), em Terra e Paixão (2023).

O insucesso de Renascer ainda coloca mais desafios para a líder de audiência, que vai voltar a apostar em um remake em 2025, quando vai comemorar os 60 anos. Manuela Dias está encarregada da nova versão de Vale Tudo (1989), de Aguinaldo Silva, Leonor Bassères (1926-2004) e Gilberto Braga (1945-2021).

Quem se deu bem em Renascer?

Maria Santa (Duda Santos)

Maria Santa fez milagre

Intérprete de Maria Santa, Duda Santos conquistou o público na primeira fase e conseguiu repetir a façanha de Patrícia França, que ficou com a personagem em 1993. Ela foi rapidamente promovida ao posto de protagonista, encabeçando Garota do Momento --novela de Alessandra Poggi que vai substituir No Rancho Fundo.

Rachid (Almir Sater)

Mistura do Brasil com o Líbano

Bissexto na televisão, Almir Sater mostrou por que merecia um papel de destaque depois do chalaneiro Eugênio do remake de Pantanal (2022). Ele deu um toque próprio para o libanês, que acabou até desbancando os mocinhos no romance cheio de idas e vindas com Iolanda (Camila Morgado).

Egídio (Vladimir Brichta)

Mau igual um pica-pau

Conhecido principalmente por papéis cômicos, Vladimir Brichta mandou bem em seu primeiro vilão no horário nobre. O ator acertou o tom de Egídio, que foi um dos poucos responsáveis por movimentar a história. Os telespectadores amaram odiar o coronel, de suas pequenas às grandes maldades --como o assassinato de José Venâncio (Rodrigo Simas).

João Pedro (Juan Paiva)

Família de sangue x Família por escolha

O ator segurou um personagem difícil e que facilmente poderia soar como um chato para o público. João Pedro teve boas cenas com Zinha (Samantha Jones), numa química que se estendeu também para o resto do núcleo --principalmente José Bento (Marcello Melo Jr), Joana (Alice Carvalho) e a recém-chegada Lilith (Lucy Alves).

Tião Galinha (Irandhir Santos)

Um novo final

Irandhir novamente colocou uma novela no bolso com a sua versão de Tião Galinha, que foi além de uma homenagem ao catador de caranguejo interpretado por Osmar Prado em 1993. O ator brilhou sob a direção de Gustavo Fernandez com os difíceis monólogos escritos por Luperi –sobretudo, com um tema tão sensível quanto à reforma agrária.

Quem saiu perdendo?

O autor Bruno Luperi

Talento desperdiçado

Luperi foi subaproveitado pela Globo ao ser escalado pelo remake de Renascer, até porque já tinha apresentado projetos próprios --a novela Arroz de Palma, ainda sem previsão de sair do papel. Ele teve a ingrata tarefa de, novamente, ser comparado com o avô --dessa vez, sem a boa audiência como no remake de Pantanal.

Um desgaste desnecessário para um ator que poderia ser melhor aproveitado pela emissora, especialmente pela boa parceria com o diretor artístico Gustavo Fernandez.

Mariana (Theresa Fonseca)

Mariana não funcionou

Theresa Fonseca pegou um papel difícil e até conseguiu escapar das críticas que fizeram Adriana Esteves se afastar da TV por causa de Mariana. Ela, porém, teve pouquíssimas chances de mostrar ao que veio. A culpa não foi da atriz, mas do próprio roteiro --com pouco espaço para a construção de uma boa vilã.

Horário nobre da Globo

José Luiz Villamarim, diretor de Dramaturgia da Globo, enfrenta um processo sem precedentes de transformação, com o fim dos bancos fixos de talentos e com a crise de audiência da TV aberta. Renascer foi aquém do esperado pela casa, impondo ainda mais desafios para as produções que estão sendo preparadas para o horário nobre.

Lívio (Breno da Matta)

Evangélicos

Luperi fez uma inclusão interessante de personagens evangélicos como o pastor Lívio (Breno da Matta) e Iolanda. Apesar de boas cenas com o religioso, ele também foi pouco aproveitado dentro da história --resumindo-se a ficar como "leva e traz" entre as fazendas de José Inocêncio e Egídio.


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