Diversidade na TV
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Os atores André Gonçalves, Lui Mendes, Bruno Gagliasso e Erom Cordeiro viveram gays nas novelas
REDAÇÃO
Publicado em 3/6/2018 - 5h00
Personagens comuns em novelas atuais, homossexuais já foram tabu na televisão, alvos de rejeição, ofensas e até agressões. Há pouco mais de 20 anos, o ator André Gonçalves foi ameaçado de morte e apanhou com socos e pontapés de um grupo de homens por causa de Sandrinho, personagem que interpretara, em 1995, em A Próxima Vítima.
Quase uma década antes, em 1988, a novela Vale Tudo teve algumas cenas vetadas pela Censura Federal. Eram diálogos de duas personagens lésbicas, Cecília (Lala Deheinzelin) e Laís (Christina Prochaska), que viviam juntas num relacionamento estável. Em 2014, Bruno Gagliasso acusou a própria Globo de censurar um beijo em outro homem que gravou para o último capítulo de América (2005).
Confira sete casais gays de novelas que incomodaram muita gente:
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Cecília (Lala Deheinzelin) e Laís (Christina Prochaska) foram censuradas em Vale Tudo (1988)
Cecília (Lala Deheinzelin) e Laís (Christina Prochaska), de Vale Tudo (1988)
Cecília e Láis eram namoradas que viviam juntas em Vale Tudo, mas o relacionamento não era aceito nem pelos familiares nem por parte do governo do Brasil. Na trama, as duas eram rejeitadas e criticadas por Marco Aurélio (Reginaldo Faria), irmão de Cecília. Na vida real, diálogos que deixavam mais explícita a relação homossexual das mulheres foram vetados pela Censura Federal, ainda em vigor na época.
Cecília morreu na novela, o que já estava previsto desde a sinopse. A partir daí, Vale Tudo discutiu uma questão ainda muito obscura na época, sobre quem deveria ficar com a herança de alguém que vivia em um casamento homossexual não legalizado.
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O casal homossexual e interracial de A Próxima Vítima (1995) teve grande repercussão
Sandro (André Golçalves) e Jefferson (Lui Mendes), de A Próxima Vítima (1995)
Os garotos apaixonados sofriam dois tipos de preconceito em A Próxima Vítima: homofobia, por assumirem o namoro, e racismo, por serem um casal interracial. Não houve cena de beijo entre os dois jovens, mas a sequência em que Sandro conta para sua mãe (Susana Vieira) que é gay falou, de maneira bastante didática, sobre respeito às diferenças.
Nas ruas, no entanto, a reação das pessoas não foi tão pacífica. André Gonçalves chegou a ser agredido por um grupo de "machos alfa". "Venho sendo xingado e ameaçado. Peço que parem com isso", disse o ator em entrevista ao Jornal Nacional.
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Leila (Silvia Pfeiffer) e Rafaela (Christiane Torloni) não tiveram final feliz em Torre de Babel
Leila (Silvia Pfeiffer) e Rafaela (Christiane Torloni), de Torre de Babel (1997)
Bem-sucedidas e lésbicas assumidas, Leila e Rafaela chamaram a atenção do público, que não gostou do casal. As duas foram rejeitadas logo nos primeiros capítulos da novela das nove. A sinopse já previa que Rafaela morreria durante a trama, mas as críticas foram tantas que o autor Silvio de Abreu não só antecipou a morte como também tirou as duas de uma vez da história. Leila e Rafaela morreram na explosão do shopping de Torre de Babel.
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Ariel (José Wilker) e Tadeu (Otávio Muller) não podiam nem se tocar em Desejos de Mulher
Ariel (José Wilker) e Tadeu (Otávio Müller), de Desejos de Mulher (2002)
Ariel e Tadeu eram casados desde o início da novela, mas nunca tiveram contato físico. Mesmo assim, só pelo jeito dos personagens, uma pesquisa feita com telespectadores da Globo revelou que os dois não agradavam nem um pouco. Por isso, os dois também deixaram de usar alianças.
"O público de novela é conservador, careta. O mesmo telespectador que não gosta de ver gays na novela fica louco para assistir sacanagem nos outros programas, como nos reality shows", disse o autor de Desejos de Mulher, Euclydes Marinho, em entrevista à revista IstoÉ.
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Júnior (Bruno Gagliasso) terminou a novela sem beijar seu amado Zeca (Erom Cordeiro)
Júnior (Bruno Gagliasso) e Zeca (Erom Cordeiro), de América (2005)
A novela inovou ao mostrar a descoberta de um rapaz de sua homossexualidade. Júnior começou América como um rapaz tímido e confuso, que até chegou a ter uma namorada, mas se encantou pelo peão Zeca e entendeu que gostava de se relacionar com homens.
Bruno Gagliasso e Erom Cordeiro gravaram sete takes de uma cena de beijo para o último capítulo; seria a primeira de beijo gay em uma novela das nove. Mas, de última hora, a Globo vetou a cena, para frustração de Gloria Perez e Gagliasso. "No dia em que não foi ao ar fiquei muito triste, chorei. Foi censurado, né? A gente gravou a cena sete vezes. Quem faz arte não entende censura", criticou o ator no Encontro, em 2014.
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Clara (Giovanna Antonelli) e Marina (Tainá Mueller) se casaram, mas não agradaram na novela
Clara (Giovanna Antonelli) e Marina (Tainá Müeller), de Em Família (2014)
O casal lésbico de Em Família não gerou a menor empatia com o público. Na trama, Clara apareceu inicialmente como uma mulher heterossexual, casada com Cadu (Reynaldo Gianecchini) e com filhos. Marina, uma fotógrafa moderna, se encantou por ela e fez de tudo para se aproximar e seduzir seu alvo.
Os telespectadores não reagiram bem à trama lésbica, que ficou bastante apagada na novela. Ainda assim, Clara e Marina se casaram no final, ambas vestidas de noiva.
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Beijo entre Fernanda Montenegro e Nathalia Timberg irritou telespectadores de Babilônia
Teresa (Fernanda Montenegro) e Estela (Nathalia Timberg), de Babilônia (2015)
Logo no primeiro capítulo, Teresa e Estela deram um beijo, o que chocou o público mais conservador e gerou uma rejeição imediata ao casal, principalmente por se tratarem de duas mulheres idosas. As duas também ouviram muitas críticas de uma família extremamente religiosa na trama de Babilônia, e ao longo dos capítulos o casal teve menos demonstrações tão explícitas de afeto.
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