Patriarca terrível e filhos babacas: Por que Terra e Paixão é a Succession brasileira?

Succession chega ao fim neste domingo (28), após quatro temporadas e dezenas de prêmios conquistados. Mas telespectadores brasileiros não precisam necessariamente se sentir órfãos. Na Globo, Walcyr Carrasco tem implementado a própria versão da série com os personagens principais de Terra e Paixão. 

A inspiração do autor fica clara na trama da família La Selva. Antônio (Tony Ramos) é praticamente o Logan Roy (Brian Cox) do agronegócio. Enquanto o patriarca da série comandava com mãos de ferro um conglomerado de mídia, o empresário brasileiro é o maior produtor rural de sua região e dono de uma fortuna. Ambos são homens temidos e muitas vezes odiados pelos próprios familiares, já que não fazem a menor questão de tratá-los bem.

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As histórias das duas produções exploram a questão da sucessão familiar nas empresas. A palavra que dá nome à atração norte-americana, aliás, tem sido constantemente repetida na novela brasileira.

Irene (Gloria Pires) com frequência fala para os filhos, Daniel (Johnny Massaro) e Petra (Débora Ozório), que eles devem ficar espertos e se empenharem para conseguirem se destacar na disputa pela sucessão ao pai nos negócios da família.

E o próprio personagem de Tony Ramos já começou a comentar com os filhos que está de olho em quem pode assumir seu lugar em breve, assim como Logan Roy fez com Kendall (Jeremy Strong), Roman (Kieran Culkin) e Shiv (Sarah Snook). 

A prole, no entanto, é um ponto em que as duas produções destoam. Em Succession, três dos quatro filhos de Logan são loucos para assumirem o comando da empresa familiar e totalmente capazes de passar por cima uns dos outros para chegarem onde querem (como já fizeram em vários episódios). Eles são mais focados nos negócios, apesar de se atrapalharem diversas vezes, por diferentes motivos. 

Já em Terra e Paixão, os filhos de Antônio estão mais voltados para seus relacionamentos amorosos do que para a disputa pelos negócios. Caio (Cauã Reymond) e Daniel estão empenhados nas tentativas de conquistar Aline (Barbara Reis) e ainda nem sabem que competem pela mesma mulher. Já Petra, quando não está dopada de remédios, só quer saber de seu namorado, o falso italiano Luigi (Rainer Cadete). 

Mas há semelhanças entre Caio e Kendall Roy. Ambos se sentem rejeitados e preteridos por seus pais e brigaram com os patriarcas para conquistarem altas posições nas empresas --ou mesmo levarem a parte a que têm direito em dinheiro. Caio, no entanto, não tem o deslumbramento pelo poder de Kendall, nem o fraco dele por drogas (essa parte ficou com Petra). 

O último episódio de Succession irá ao ar neste domingo (28) sob a expectativa de que finalmente se descubra quem ficará na cadeira ocupada por Logan e terá todo o comando do conglomerado Waystar Royco.

Já Walcyr Carrasco ainda tem meses pela frente para delinear o futuro e a sucessão da família La Selva, que, por incrível que pareça, tem se apresentado como ainda mais problemática e patética do que o clã dos Roy.