Pantanal erra ao dilacerar morte de Roberto e jogar desfecho terrível no lixo

Entre as tramas mais impactantes de Pantanal estava a morte de Roberto (Cauê Campos). Na primeira versão da novela em 1990, o jovem foi devorado por uma sucuri. Para atualizar a história, o autor Bruno Luperi optou por passar uma mensagem de preservação ambiental para conscientizar que a anaconda não come gente. A mudança teve boa intenção, mas falhou em veracidade.

O desfecho terrível do personagem ficou sem sentido, já que o rapaz não tinha provas de que Solano (Rafa Sieg) atirou em José Lucas (Irandhir Santos). O caçula de Tenório (Murilo Benício) estava com raiva do pai, desconfiado, mas o matador decidir afogá-lo somente porque ele poderia delatar seu crime foi tão sem pé nem cabeça.

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O próprio adolescente falou que iria investigar o envolvimento do grileiro, que não faria nada sem ter uma prova. Ele nem sabia ainda que jagunço tinha sido o executor do atentado contra o vizinho, nem que o primogênito de José Leôncio (Marcos Palmeira) sobreviveu ao tiro.

Após tanto alarde sobre as gravações com uma sucuri de 40 quilos, assim como as declarações dos atores sobre os bastidores da cena, o público esperava ver mais, ver uma monstruosidade digna de um filme de terror.

No entanto, apesar de a morte comover os telespectadores, a sequência do assassinato nas águas deixou a desejar. Foi mais emocionante ver o Velho do Rio (Osmar Prado) tentando trazer de volta o adolescente à vida do que a cena tão aguardada, do crime em si.

Aline Borges brilhou em cenas dramáticas

Muita gente reclama de o remake não ter evoluído em relação ao que foi exibido no passado, já que Bruno Luperi segue toda a história criada por seu avô Benedito Ruy Barbosa. As mulheres não têm ambições profissionais, os peões mais fofocam do que trabalham, os mocinhos superam as diferenças e assim por diante. Trinta dois anos depois, o enredo foi congelado no tempo e, justamente, a trama que foi alterada não fez sentido. 

Outra falha no episódio da morte foi avançar dias, picotando a dor da família. Em certos momentos, alguns personagens, como de Julia Dalavia (Guta), Marcelo (Lucas Leto) e Renato (Gabriel Santana), pareciam estar anestesiados, como se aquele momento terrível já tivesse acontecido há mais tempo. 

A morte de Roberto só não é um total desperdício porque a perda do filho, de certa forma, é uma maneira de punir o vilão por suas atrocidades --já que ele está sofrendo como um cão como qualquer pai sofreria. O desfecho cruel também foi positivo para Aline Borges. A dor de sua personagem, Zuleica, foi defendida com maestria pela atriz. Ela transbordou lágrimas e dores a cada aparição nos últimos capítulos.

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