Odiada como a Joy de Um Lugar ao Sol, atriz cai nas graças da Globo

Um Lugar ao Sol finalmente entregou aos seus telespectadores um momento de catarse: odiada por todos pela maneira com que tratava Ravi (Juan Paiva) e por ter rejeitado o próprio filho, Joy (Lara Tremouroux) despencou de um viaduto para a morte. A pichadora saiu de cena na novela das nove, mas sua intérprete não ficará fora do ar durante muito tempo.

É que, apesar de a personagem ter despertado o ódio do público, Lara Tremouroux caiu nas graças dos diretores da Globo. A atriz já foi escalada para protagonizar a série Rota 66, inspirada no livro homônimo de Caco Barcellos e que será exibida inicialmente no Globoplay.

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Lara e Humberto Carrão viverão dois jornalistas que investigam o grupo Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar), conhecido entre os anos 1970 e 1990 como o "esquadrão da morte" da Polícia Militar de São Paulo, por causa de seu envolvimento em centenas de assassinatos sem explicação. Ailton Graça também foi escalado, mas para atuar do lado dos policiais.

Caco Barcellos publicou Rota 66 inicialmente em 1992 e levou o prêmio Jabuti na categoria reportagem no ano seguinte. O apresentador do Profissão Repórter reuniu dados da violência policial e identificou milhares de pessoas mortas pela polícia por motivos fúteis.

A série Rota 66 será uma parceria do Globoplay com a produtora Boutique Filmes --que já fez 3% (2016-2020), Onisciente (2021) e Temporada de Verão para a Netflix. O livro será livremente adaptado por Teodoro Poppovic, que já assinou os textos da vencedora do Emmy Ninguém Tá Olhando (2019) e foi roteirista do Comédia MTV (2010-2012).

reprodução/tv globo

Cena da morte de Joy animou público

Ódio por Joy é machista?

Em entrevista ao Notícias da TV, Lara apontou que vê certo machismo nas análises sobre a jovem pichadora. "Existe um machismo e conservadorismo em relação a ela", observou a atriz, que ressaltou que Joy havia dito várias vezes que não queria ser mãe, mas foi proibida de abortar por Ravi.

"Mas nada justifica algumas atitudes dela como, por exemplo, dizer que o Ravi não sabe escrever. Isso não se diz para ninguém", acrescentou a atriz. "Parte do exercício foi olhar para as faltas da personagem, que são muitas. Tem a vulnerabilidade social, o padrasto abusador, o machismo."

"No meu lugar de privilegiada, seria fácil olhar e pensar: 'Ela precisa de terapia'. Seria ótimo se ela pudesse fazer, mas falta muita coisa antes disso", analisou a artista, que citou educação e dinheiro como um dos fatores: "Isso já ajudaria a eliminar alguns dos problemas dela".