O que esperar de Vai na Fé: Rebolado, shippagem e fórmula que atrai jovens

"Não jogue o grão na terra que a natureza do grão é crescer. E você continua jogando", dirá Wilma, a personagem de Renata Sorrah, ao filho, Lui Lorenzo (José Loreto), em cena de Vai na Fé. "Shakespeare?", perguntará. "Gloria Perez, O Clone", responderá a ex-atriz. O trecho exibido na festa de lançamento da nova novela das sete da Globo, que estreia na noite desta segunda (16), arrancou sorrisos do público e dá o tom de como vai ser a história de Rosane Svartman.

A autora parece ter conseguido a fórmula para atrair os jovens sem afastar a família de frente da TV. Ela escreveu Malhação - Intensa como a Vida (2012) e Sonhos (2014), ambas indicadas ao Emmy Internacional digital e ao Emmy Kids Awards, respectivamente; o sucesso Totalmente Demais (2015), também candidata ao Emmy Internacional como Melhor Telenovela; e Bom Sucesso (2019), que concorreu ao prêmio europeu Rose D'Or.

Em sua primeira trama solo (ela antes escrevia com Paulo Halm), a autora traz em Vai na Fé uma heroína aguerrida, cheia de personalidade, de vida sofrida, mas que não perde a doçura frente aos obstáculos da vida. Foi assim com a Elisa de Marina Ruy Barbosa, a Paloma de Grazi Massafera e será da mesma forma com a Sol de Sheron Menezzes.

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Na região central do Rio de Janeiro, a camelô para o carro com amiga Bruna (Carla Cristina Cardoso) em uma vaga cativa e vende as marmitas cantando paródias de músicas famosas, tem a quentinha "glamourosa, de frango, e poderosa, com tempero radiante", entoa a mãe de família.

A protagonista da trama é gente como a gente: é a mulher que batalha de sol a sol sem deixar a esperança por uma vida melhor de lado. É a típica brasileira trabalhadora, que tem um marido que perdeu o emprego na pandemia e se esforça para educar as duas herdeiras.

Novela solar e leve

A novela, no entanto, não tem nada de borocoxô: é solar, leve, alto-astral, como boa parte das mulheres parecidas com Sol levam a vida; ou, pelo menos, tentam levar. As interações entre ela e Lui Lorenzo prometem render.

A protagonista, evangélica, casada e na casa dos 40 anos, não tem papas na língua para afastar as más intenções do cantor, que a contrata para ser sua dançarina e backing vocal.

A julgar pelas chamadas e pelos capítulos dos quais o Notícias da TV teve acesso, o personagem de José Loreto tem tudo para causar com muito rebolado e tiradas divertidas.

O ator é carismático, tem talento e o papel é dos bons. Esta, aliás, é uma característica de Rosane Svartman: escrever personagens populares que caem na boca do noveleiro o e ganham torcida pelas redes sociais.

Carolina Dieckmann estará fora da sua zona de conforto na pele de Lumiar, uma advogada criminalista durona, mas que será o ponto de apoio dos seus alunos de direito. É um tipo que promete dar o que falar.

E é na faculdade que terá o núcleo jovem da novela; outro ponto marcante das criações da autora. Especialista em falar com esse público, a novelista investiu em boas tramas como a de Guiga (Mel Maia), Yuri (Jean Paulo Campos), Otávio (Gabriel Contente) e Fred (Henrique Barreira).

Vai na Fé é o tipo de novela para assistir com um sorriso no rosto e se emocionar com a trajetória de personagens que parecem ter saído diretamente da casa da vizinha.

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