A PADROEIRA
Cristiana Isidoro/TV GLOBO
Mariana Ximenes, Ida Gomes (1923-2009) e Elizabeth Savala na novela A Padroeira (2001)
Há 21 anos, A Padroeira (2001) chegava ao fim na faixa das seis da Globo. Doente, o diretor Walter Avancini (1935-2001) teve de ser afastado do trabalho e acabou morrendo três meses após a estreia da novela. Walcyr Carrasco e Roberto Talma (1949-2015) assumiram o comando e promoveram uma enorme reformulação no folhetim.
A sinopse da história foi uma ideia original do veterano, que se inspirou em As Minas de Prata, de José Alencar (1829-1877). O romance já tinha sido adaptado em 1966 por Ivani Ribeiro (1922-1995) em uma novela da TV Excelsior (1960-1970) --também dirigida por Avancini.
A trama se passava em 1717 e narrava o amor impossível entre Cecília de Sá (Deborah Secco) e Valentim Coimbra (Luigi Baricelli). A história também mostrava a luta dos pescadores da vila de Santo Antônio de Guaratinguetá pelo reconhecimento do culto a Nossa Senhora Aparecida, cuja imagem foi encontrada no rio Paraíba do Sul, em São Paulo.
O diretor, infelizmente, não viu a obra chegar ao fim. Ele foi afastado em julho de 2001 para tratar um câncer na próstata, mas não resistiu e morreu em setembro aos 66 anos.
Após a saída de Avancini, Walcyr Carrasco e o diretor Roberto Talma decidiram alterar vários detalhes para deixar a novela mais leve e tentar aumentar os índices de audiência.
"O Talma entrou com uma nova visão, que contribuiu muito para enriquecer a trama. Estávamos um tanto desarvorados com a perda do Avancini, mas ele entrou para comandar com firmeza e nos deu uma direção. Claro que houve mudanças, era um novo diretor. Mas eu mesmo contribui com a minha imaginação para muitas delas. Agora, é preciso dizer: parte dos atores que saiu foi por opinião do próprio Avancini", declarou Carrasco em depoimento ao livro A Seguir, Cenas do Próximo Capítulo, de André Bernardo e Cíntia Lopes.
Entre as mudanças feitas pela nova direção estavam a eliminação de treze personagens e criação de novos núcleos. Entraram na história: Faustino (Rodrigo Faro), Dorotéia (Susana Vieira), Agnes (Ana Paula Tabalipa), Antonieta (Giulia Gam), Honorato (Taumaturgo Ferreira), Inocêncio (Jandir Ferrari), padre Gregório (Daniel de Oliveira) e frei Tomé (Felipe Camargo).
Até mesmo a personalidade de alguns personagens foram modificadas. Imaculada (Elizabeth Savala) deixou para trás a amargura e passou a se portar como uma vilã caricata e risível. Já Cecília tornou-se uma mulher mais forte e menos sonhadora.
O tom sóbrio também deixou de ser usado na produção. Cenários e figurinos ficaram mais coloridos, e Luigi Baricelli passou por uma transformação no visual e teve os cabelos cortados.
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