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Reprodução/Memória Globo
Jardel Filho e Yona Magalhães em A Ponte dos Suspiros, de Dias Gomes, ambientada em 1500
THELL DE CASTRO
Publicado em 10/4/2016 - 18h55
Ambientada entre 1792 e 1808, Liberdade, Liberdade, que estreia nesta segunda (11), será a sexta novela de época mais antiga da Globo. Apenas A Ponte dos Suspiros (1500), O Santo Mestiço (final do século 16 e primeira metade do século 17), A Padroeira (1717), Anastácia, a Mulher sem Destino (segunda metade do século 18) e Que Rei Sou Eu? (1786) se passaram em tempos históricos anteriores à saga da filha de Tiradentes, interpretada por Andreia Horta.
Novela com história mais antiga já exibida pela Globo, A Ponte dos Suspiros, adaptação do romance homônimo de Michel Zevaco, se passava em 1500, em Veneza (Itália), na época da Inquisição e do Conselho dos Dez, um poderoso organismo do governo que realizava sessões secretas e julgamentos com o intuito de defender a República de conspirações internas e externas.
A trama rocambolesca, escrita por Dias Gomes (1922-1999), que assinou como Stela Calderón, tinha no elenco nomes como Carlos Alberto (1925-2007), Yoná Magalhães (1935-2015), Jardel Filho (1928-1983) e Arlete Salles.
Apesar de ser ambientada no século 15, o autor deu um jeito de inserir diversas referências à história do Brasil, inclusive criticando a deposição do presidente João Goulart (1918-1976), criando problemas com a Censura Federal durante a Ditadura Militar.
Exibida entre 6 de junho e 15 de novembro de 1969, foi uma das últimas tramas do estilo capa e espada que marcou as primeiras produções da emissora. O período foi encerrado com a estreia de Véu de Noiva, ainda no mesmo ano.
Já O Santo Mestiço, de 1968, escrita por Gloria Magadan (1920-2001), era baseada na história real de São Martinho de Porres, que viveu entre 1579 e 1639, no Peru. Sérgio Cardoso (1925-1972) e Rosamaria Murtinho eram os protagonistas.
DIVULGAÇÃO/TV GLOBo
Tereza Rachel e Dercy Gonçaves em cena de Que Rei Sou Eu, novela ambientada em 1786
Mais recente da lista até então, A Padroeira, exibida entre junho de 2001 e fevereiro de 2002, se passava em 1717. A trama de Walcyr Carrasco tinha como tema principal o amor impossível de Valentim Coimbra (Luigi Baricelli) e Cecília de Sá (Deborah Secco). A novela também falava sobre o culto dos pescadores a Nossa Senhora Aparecida, cuja imagem foi encontrada no Rio Paraíba, na região do Vale do Paraíba (SP).
A produção teve diversos problemas e baixa audiência _a expectativa era de 30 pontos, mas sofria para chegar a 25_ e foi reformulada durante seu andamento. O diretor Walter Avancini (1935-2001) se afastou por problemas de saúde um mês após a estreia _viria a morrer em setembro daquele ano.
Roberto Talma (1949-2015) assumiu o comando e fez diversas reformulações, inserindo novos personagens e mudando até mesmo o caráter de alguns já existentes. Também foram feitas alterações na iluminação, no figurino, nos cenários e na trilha sonora.
A quarta colocada do ranking é Anastácia, a Mulher sem Destino, de 1967. A trama começou a ser escrita por Emiliano Queiroz e se passava durante boa parte do século 18. Mas o folhetim confundiu o público. A solução foi escalar uma nova autora para dar um jeito na produção. A escolhida foi Janete Clair (1925-1983), que criou um terremoto, matou a maioria dos personagens e deu um salto de 20 anos na história.
Por fim, Que Rei Sou Eu?, de 1989, um dos grandes sucessos de Cassiano Gabus Mendes (1929-1993), era ambientada em 1786, seis anos antes do início da história de Liberdade, Liberdade. A trama remetia à Revolução Francesa para reescrever a história do Brasil, com um imaginário reino de Avilan, com seu povo miserável e seu governo corrupto.
Além dessas, muitas tramas célebres da emissora transcorreram no século 19, como Escrava Isaura, A Moreninha, Helena, Senhora, A Rainha Louca e Força de um Desejo.
Liberdade, Liberdade
Liberdade, Liberdade começa em 1792, em Vila Rica (MG), mostrando a condenação de Tiradentes (Thiago Lacerda), considerado traidor da Coroa portuguesa, à forca. Sua filha, Joaquina (Mel Maia), vê tudo e carrega o peso de ser descendente de um homem condenado _para ela, um herói.
Em seguida, a trama saltará para 1807, em Portugal, e, finalmente, para 1808, no Rio de Janeiro, quando Joaquina, então vivida por Andreia Horta, volta ao Brasil para descobrir mais sobre o passado do pai biológico e sobre o sangue revolucionário que corre em suas veias.
THELL DE CASTRO é jornalista, editor do site TV História e autor do livro Dicionário da Televisão Brasileira (Editora InHouse). Siga no Twitter: @thelldecastro
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