Virada na história
FOTOS ESTEVAM AVELLAR/TV GLOBO
Debora Bloch (Elisa) se aproxima do assassino da filha no próximo capítulo de sua história
MÁRCIA PEREIRA
Publicado em 31/8/2016 - 5h13
O ódio de Elisa (Debora Bloch) por Vicente (Jesuíta Barbosa) se transformará em paixão em Justiça, minissérie da Globo. A mãe de Isabela (Marina Ruy Barbosa) passará a se entender com o assassino da filha no próximo capítulo de sua história, na segunda-feira (5). Ela conhecerá a filha de Vicente, que recebeu o mesmo nome da sua: Isabela. Eles jantarão juntos. Esse será o primeiro passo para que a professora se apaixone pelo ex-presidiário.
A companheira de Vicente, Regina (Camila Márdila), chegará a ver um clima entre os dois antes mesmo de o caso deles começar. Heitor (Cássio Gabus Mendes) também ficará perplexo com a mudança de postura da namorada em relação ao homem que planejava matar. Apesar da reviravolta na trama, a intérprete de Elisa afirma que as cenas pesadas e dramáticas de sua personagem não param.
A atriz Debora Bloch revela que o papel exige muita concentração. Ela e a equipe de Justiça gravarão as sequências finais até o dia 17, mas os atores já sabem os desfechos de seus personagens. Todos os capítulos foram entregues pela autora Manuela Dias. Alguns flashbacks também trarão à tona parte do passado de Isabela que sua mãe desconhece.
"É uma dor muito profunda, e as cenas são muito fortes. Não tem como você ficar leve no estúdio. Quando termina o dia, saio pesada, parece que levei uma surra. Um jeito para relaxar é tomar um banho quente, fazer uma massagem quando dá tempo. Estou fazendo crochê também, que é uma espécie de meditação", conta Debora.
Aulas de tiro
A atriz fez aulas de tiro como laboratório para a personagem, pois nunca tinha atirado. Debora afirma, porém, que não tem uma preparação que leve o ator ao estado fundamental de uma personagem com essa intensidade, uma mãe que sofre solitariamente a perda da filha.
"É uma personagem trágica. Eu fui buscar no meu sentimento de mãe. Eu sou mãe e acho que o maior medo de toda mãe é perder um filho. E, há pouco tempo, a minha faxineira perdeu um filho assassinado. De uma maneira horrível, ele foi tomar banho de cachoeira em uma área da favela que era de uma outra facção. Acharam que ele estava invadindo. Não houve justiça para ela. Além da tragédia que é ter enterrado um filho, nada aconteceu. Muito duro. Basicamente, eu busquei no meu sentimento de mãe toda essa dor", explica Debora.
Só que a virada na história demonstra que é possível Elisa perdoar o assassino da filha. A atriz diz que, para ela, isso seria impossível.
"A gente nunca sabe o que faria em situações limites que a vida apresenta, é difícil a gente saber, o ser humano é complexo. E a realidade, às vezes, é mais surpreendente do que a gente imagina", comenta.
Dentro desse contexto, uma das referências que a autora mandou para a atriz foi um vídeo com depoimentos curtos de pessoas reais.
"Ela mandou o depoimento de um americano, que estava condenado à prisão perpétua. Ele tinha um padrasto que batia muito nele e dizia que fazia isso porque o amava. Daí vinha a dificuldade dele de entender que amar não tinha nada a ver com fazer mal. E ele fala [no vídeo] que ele só entendeu o que era amor no dia em que conheceu a mãe e avó das suas vítimas _ele matou uma mulher com seu filho. Ela tinha todos os motivos para odiá-lo, mas não reagiu com ódio. Perdoou o assassino da filha, é uma mulher iluminada, é uma exceção, mas existe", conta.
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