Ignorada, Cara e Coragem sai de cena sem passar vergonha como Travessia

No ar há mais de sete meses, Cara e Coragem chega ao fim em plena sexta-feira 13 como uma novela que foi ignorada. A repercussão e a falta de torcida nas redes sociais são o principal termômetro de que essa foi uma história que não emplacou, gerou indiferença. Mesmo com 36 capítulos a mais que sua antecessora, Quanto Mais Vida, Melhor!, o folhetim conseguiu manter a média da faixa das 19h acima de 20 pontos no Ibope da Grande São Paulo.

Em um cenário atípico para a Globo, que exporta novelas para todo o mundo há décadas, mas enfrenta um momento de crise em seu principal horário, o das nove, a saga escrita por Claudia Souto se despede sem constrangimento apesar de tudo. Uma história que não caiu no gosto do telespectador, mas também não virou chacota nacional como está acontecendo com Travessia.

É necessário lembrar que são centenas de profissionais envolvidos há um ano com Cara e Coragem para produzir e executar seus 197 capítulos. Ao criticar a novela, o respeito ao trabalho de todos não deve ser deixado de lado, o que não interfere em uma análise com apontamento do que deu errado.

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O problema começa antes da estreia, no trabalho de quem organiza a programação. Foi encomendada uma novela com maior duração à autora para que terminasse somente em janeiro. As discussões em torno do tempo de duração das tramas são antigas.

Muito se fala que as histórias precisam ser mais curtas e ágeis, mas a Globo tem tomado decisões que vão na contramão disso. Até pouco tempo atrás, parecia ter sido estabelecido que 150 episódios era o ideal, mas, além de Cara e Coragem, vem aí a história de Walcyr Carrasco, com nome provisório de Terra Vermelha, que tem previsão de ter 209.

Outro equívoco importante para ser levado em conta é ter boa frente de capítulos escritos e gravados, por mais contraditório que pareça. Fica difícil de mudar os caminhos dos personagens quando isso só ocorrerá 30, 40 episódios depois do que está no ar e sendo rejeitado pelo telespectador.

A audiência não espera: se não agrada, ela desiste de ver e troca de canal, simples assim. Isso ocorreu com Cara e Coragem. Mesmo patinando, a trama só teve mudanças para valer em outubro do ano passado, depois de quatro meses de exibição.

Casal sem liga e trama batida

De qualquer maneira, não tem como defender a história dos dublês como sendo boa. Faltou química entre Paolla Oliveira e Marcelo Serrado, por melhores que os atores sejam: o casal Pat e Moa não era um romance de encher os olhos.

Trama de Clarice é batida: morta que não morre

A criação do mistério em torno das mulheres de laranja e da sósia de Clarice (Taís Araujo) até despertava curiosidade no começo, mas perdeu o sentido depois. Em vez de uma seita satânica ou algo ainda mais inusitado, constatou-se que se tratava de um grupo de autoajuda. A despachada Anita (Taís Araujo) também não tinha tanto carisma quanto a executiva supostamente morta.

Aliás, morto que volta à vida é mais do que um clichê em novela. Está na hora de protagonistas morrerem de verdade, e os desdobramentos serem escabrosos ou, ao menos, surpreendentes. 

No saldo final, sem contar o capítulo desta sexta-feira 13, Cara e Coragem registrou média de 20,7 pontos no Ibope, enquanto Quanto Mais Vida, Melhor! anotou 20,5 nos 161 capítulos que teve. Então, sem passar pano para a atual novela das sete, o folhetim sai de cena sem passar vergonha nem afundar (ainda mais) a audiência do horário.

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