Há 25 anos, Globo exibiu novela tapa-buraco com fake news do apocalipse

Em 6 de maio de 1996, estreava a novela mais curta que a Globo já exibiu: O Fim do Mundo, de Dias Gomes (1922-1999). Mesmo com apenas 35 capítulos para tapar um buraco na programação, o folhetim entregou muito caos e tramas absurdas, ao partir da premissa de um boato de apocalipse que devastaria uma pequena cidade.

A princípio, O Fim do Mundo havia sido escrita por Dias Gomes em 1995 como uma minissérie, mas a Globo teve uma emergência em 1996. A novela Explode Coração (1995) estava chegando ao final e não poderia ser espichada, porque o contrato com a autora Gloria Perez estabelecia a liberação dela numa data certa, a fim de que ela pudesse acompanhar o julgamento de Guilherme de Pádua, assassino de sua filha, Daniella Perez (1970-1992).

O problema era que a novela seguinte, O Rei do Gado (1996), estava com a produção atrasada e não seria possível colocá-la no ar logo após o fim de Explode Coração. A solução encontrada foi transformar o texto de O Fim do Mundo numa mininovela.

TRAMA DA RECORD

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A trama se passava em Tabacópolis, uma fictícia cidade da Bahia. Lá, o vidente Joãozinho de Dagmar (Paulo Betti) havia previsto o fim do mundo, que aconteceria dali a três meses.

Os habitantes acreditaram nesta previsão e decidiram realizar seus desejos mais profundos, visto que tudo acabaria em breve. Tião Socó (José Wilker), por exemplo, era um homem que sofria de impotência sexual, mas conseguiu "resolver" o problema ao estuprar sua cunhada, Gardênia (Bruna Lombardi). Já o dono do manicômio da cidade, Dr. Pestana (Carlos Vereza), resolveu abrir as portas do hospício e deixar os pacientes viverem livremente.

No dia marcado para o fim do mundo, no entanto, nada aconteceu, e o vidente teve de admitir que sua visão havia falhado. Todos os personagens se apavoraram por terem que encarar as consequências de seus atos. Só após algum tempo é que o céu de fato ficou todo escuro, e uma chuva de meteoros caiu sobre Tabacópolis.