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Memória da TV

Em 1996, Globo exibiu novela com só 35 capítulos para tapar buraco

Divulgação/TV Globo

José Wilker e Bruna Lombardi em O Fim do Mundo; personagem violentou cunhada crendo no apocalipse - Divulgação/TV Globo

José Wilker e Bruna Lombardi em O Fim do Mundo; personagem violentou cunhada crendo no apocalipse

THELL DE CASTRO

Publicado em 9/8/2015 - 6h42

Uma minissérie transformada em uma novela das oito reduzida. Isso aconteceu com O Fim do Mundo, de Dias Gomes, exibida pela Globo em 1996. Com apenas 35 capítulos, a trama tapou o buraco entre Explode Coração e O Rei do Gado, prometendo inaugurar um novo formato de teledramaturgia na emissora _que acabou não vingando.

Explode Coração estava no ar e a Globo não conseguiu iniciar a produção de O Rei do Gado a tempo. Normalmente, nessas situações, a trama que está no ar é esticada, mas Glória Perez já havia combinado com a emissora que seria liberada para o julgamento do assassinato de sua filha, Daniela Perez.

A solução foi pegar O Fim do Mundo, que seria uma minissérie do horário das 22h30, e colocar no principal horário de teledramaturgia da emissora, naquela época, 20h40. "O Fim do Mundo chega às telas com uma dupla responsabilidade. Primeiro, recuperar a audiência do horário, um pouco abalada depois de Explode Coração. Segundo, testar a viabilidade de um novo formato, alternativo às novelas tradicionais, com mais de 100 capítulos", destacou reportagem da Folha de S.Paulo de 5 de maio de 1996.

A trama, que foi anunciada como uma super novela em apenas 35 capítulos, estreou no dia 6 de maio de 1996 e levantava a seguinte questão: O que você faria se só lhe restasse um dia de vida?

Em Tabacópolis, fictícia cidade do interior baiano, o paranormal Joãozinho de Dagmar (Paulo Betti) fazia uma previsão assustadora: o mundo iria acabar em três meses. Para completar, fatos estranhos começaram a ocorrer, como uma chuva de excrementos, um bezerro com duas cabeças, um terremoto, entre outras bizarrices.

A população entrav em pânico, e a cidade se via em meio ao caos. Tião Socó (José Wilker) violentava Gardênia (Bruna Lombardi), sua cunhada, o diretor do hospício resolvia soltar os pacientes, enquanto o delegado abria a cadeia e libertava os presos. Só que, no dia seguinte, o mundo não acabava, e os moradores da cidade precisavam arcar com as consequências de seus atos.

Dias depois, Joãozinho fazia nova profecia. Dessa vez, uma mundo realmente acabava em uma chuva de meteoros.

Inovações

O Fim do Mundo inovou nos efeitos especiais. "Pela primeira vez, uma novela usa objetos e animais criados em computador. Foram usados computadores também para criar ondas gigantes e tempestades. Uma maquete de Tabacópolis foi construída para as filmagens do fim do mundo _é nela que caem postes, carros são tragados pela terra, e o céu fica incandescente", informava o texto da Folha de S.Paulo.

A mesma reportagem ressaltava que, caso a experiência com O Fim do Mundo desse certo no horário nobre, a emissora deixaria de usar a faixa das 22h40 para minisséries. A intenção era alternar novelas e mininovelas a partir de 1997. "Com isso, a Globo não deixaria totalmente de lado o formato tradicional de novelas e daria opção aos autores".

Meses antes, à mesma Folha, Dias Gomes disse que a mininovela era uma alternativa, vista pela Globo como um produto de luxo, que daria prestígio. "Pode ser que queiram implantar esse novo formato. Afinal, já me encomendaram outra produção". O autor falava sobre Dona Flor e Seus Dois Maridos, exibida como minissérie em 1998.

Apesar de O Fim do Mundo ter mantido a audiência do horário, a experiência foi única e descartada em seguida. O Rei do Gado sucedeu a trama, fez muito sucesso e, até hoje, vemos no ar as novelas no formato tradicional, com mais de cem capítulos.


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