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REPRODUÇÃO/TV GLOBO
Mavi (Chay Suede) em cena de Mania de Você, novela que enfrenta problemas desde o começo
Silvio de Abreu e Mauro Alencar, dois experts em novelas, deram uma verdadeira aula sobre o gênero ao debater a crise nos folhetins e o crescimento de popularidade das tramas turcas no vodcast Dois Pontos, do Estadão. Para ambos, uma trama com problemas pode ser consertada: isso já foi feito várias vezes --e com resultados muito bons.
Então, Mania de Você tem jeito? Sim. Mas, seguindo as dicas dos especialistas no assunto, a novela precisa de um grande acontecimento para chamar a atenção do público e de um herói, além de começar a ser recontada a partir desse novo ponto de partida.
Para o autor, que foi diretor de Dramaturgia da Globo até 2020 e cuidava exatamente da supervisão e da orientação dos autores, o maior problema da novela das nove foi uma falha na construção do assassinato de Molina (Rodrigo Lombardi): "Uma armação completamente falsa, o público não acreditou porque é falsa".
Já Mauro Alencar, que é doutor em teledramaturgia brasileira e latino-americana pela USP (Universidade de São Paulo), afirmou que toda novela precisa de um herói. Por mais que o telespectador goste dos vilões, ele precisa torcer pelos mocinhos. Falta um personagem para o público se identificar.
O acadêmico exemplificou a construção da novela da sete da Globo, Volta por Cima, como perfeita em todos os sentidos. Em Mania de Você, por outro lado, o telespectador não consegue ter empatia pelos protagonistas.
Abreu fez questão de falar que não é mais telespectador diário de novelas desde que saiu da Globo. Ele parou de ver a saga escrita João Emanuel Carneiro depois de acompanhar os primeiros capítulos. Ao se deparar com o assassinato de Molina, viu um problema grave: faltou informação.
"Eu acho que, para uma novela dar certo, ela precisa ser crível, seja ela comédia, drama, o que for. Você assistindo, você tem que acreditar naquilo que você está vendo. Aí, vem a emoção. Você acreditou, chorou e deu risada, deu certo. Se você não acreditou, você acha que aquilo está errado ou aquilo não se comunica com você de alguma maneira, aí você abandona", explicou.
Ele lembrou que Viola (Gabz) estava numa sala com Molina na hora do assassinato. O público tinha de descobrir quem foi que atirou nele depois, mas a forma como isso foi armado foi equivocada. Depois de acompanhar os minutos finais do personagem, os problemas pioraram. Mavi (Chay Suede) disse para Rudá (Nicolas Prattes) que foi ele quem atirou, e o mocinho negou, mas achou melhor ir embora. Como assim?
"Não se discute nada, não se fala nada. Aí, o que acontece? A mocinha e o mocinho fogem não sei para onde e, em determinado ponto, a polícia chega atrás do mocinho, que foge. A mocinha, que era aquela que estava sendo assediada e viu a briga, vai para delegacia, mas ela não fala nada. Ela não diz que estava sendo assediada", recordou-se o ex-diretor.
O delegado não investigar as impressões digitais na arma nem averiguar todas as circunstâncias também pareceu um descaso com o crime, com quem queria acompanhar a história e entender o que aconteceu.
Eu não estou aqui criticando o João Emanuel, acho que ele é um excelente autor, mas eu acho que houve um equívoco na armação desse ponto que era o principal da história. Porque a partir daí, o mocinho vai embora, fica separado da mocinha. Ela não abre a boca para falar nada, então ela é conivente com o bandido, ela não é a favor do mocinho. Eu acho que esse equívoco afastou muito o público de acreditar na história. Daí para a frente, tudo passa a ser uma bobagem.
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Resumo de Mania de Você: Capítulos da novela das nove da Globo - 11 a 21/12
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