Criticada por Renascer, Camila Morgado explica motivo de bordões 'exagerados'

A atriz Camila Morgado tem consciência de que os bordões de sua personagem em Renascer são exagerados. Mas há um motivo para os gritos e excessivos "aleluias" de dona Patroa. A artista mergulhou no universo dos religiosos fervorosos, que passam a se tornar "obcecados" pela própria interpretação da fé. Na visão dela, essas pessoas só pensam em questões religiosas, e, com isso, acabam extrapolando até na forma de se expressar.

A intérprete falou sobre o tema durante sua participação no Mais Você, na manhã desta quinta (29). Ela citou como exemplo a cena em que Iolanda se ajoelha no chão e profere uma sequência de termos religiosos após Sandra (Giullia Buscacio) ser pedida em casamento por João Pedro (Juan Paiva). 

"Eu fiz essa cena e, no dia seguinte, várias pessoas chegaram e me falaram: 'Camila, é exatamente assim'. Porque parece um pouco até exagerado. Parece não, é exagerado. Mas é que, às vezes, a realidade também é um pouco exagerada. A pessoa muito fervorosa só pensa nisso, essa é a vida dela, né?", explicou ela, durante a entrevista para Tati Machado e Fabricio Battaglini.

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A carioca afirmou que pegou boa parte desses bordões de uma amiga, Catherine, sua pedicure.  "Ela é uma pessoa religiosa, e quando eu falei que ia fazer um personagem assim... Eu falei: 'Olha, está muito distante de mim'. E ela falou 'eu sei todos os termos, e eu vou te ajudar a construir ela'. E ela realmente foi incrível, porque ela me passou os termos. O 'meu pai eterno', 'Jesus Cristo misterioso', o 'glória', o 'aleluia'...", listou ela.

O autor Bruno Luperi já havia colocado parte desses termos nos textos da personagem, mas também se deixou guiar pela amiga de Camila. A atriz passou os áudios da pedicure para o novelista, que incrementou as falas. 

"'O fogo desceu', por exemplo. Quando ela começa a sentir um fogo... 'O fogo desceu'. Porque isso realmente é usado. Enfim, isso tudo foi o que a Catherine me passou e me ajudou. Então, eu tive muitas ajudas, muitas pessoas auxiliam na construção de um personagem. A gente fica, assim, com a antena ligada", arrematou.

Depois, a atriz voltou a falar sobre exageros ao destrinchar o "renascimento" da personagem, que tinha uma potência sexual reprimida. "Ela está se descobrindo. É uma mulher vivendo a adolescência dela, a primavera. Porque ela não sabe... Ela sempre foi tão submissa. Não podia dar vazão às fantasias dela, sabe? Ela estava sempre presa ao que o marido queria. Então quando solta... Vem de tudo, né? Vem coisa boa, coisa ruim, coisa exagerada..."

No decorrer do programa, Camila ainda falou sobre a violência doméstica sofrida pela ex-mulher de Egídio (Vladimir Brichta). Ela afirmou se sentir "privilegiada" por abordar o tema não só sob a ótica da violência física, mas também da patrimonial e da moral. É uma forma de as pessoas expandirem seu entendimento sobre relacionamentos abusivos.

A atriz recebeu um depoimento de Maria da Penha Maia Fernandes, que dá nome à Lei 11.340, elogiando seu personagem. Ela se emocionou e voltou a falar da importância do tema. Depois, caiu na gargalhada ao expor os bastidores com Almir Sater, que também deixou uma mensagem.