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CRÍTICA

Coadjuvante empoderada dá dinamismo ao marasmo cotidiano de Éramos Seis

REPRODUÇÃO/TV GLOBO

A atriz Carol Macedo sorri e veste trajes de época em cena como Inês de Éramos Seis

Inês (Carol Macedo) em cena de Éramos Seis; personagem coadjuvante dá dinamismo à trama da Globo

RAPHAEL SCIRE

raphascire@gmail.com

Publicado em 5/1/2020 - 5h17

Éramos Seis está longe de ter acontecimentos bombásticos e reviravoltas rocambolescas. A crônica familiar é temperada com fatos cotidianos e o marasmo por vezes passa a impressão de que a história não anda. Os pequenos conflitos destoam do ritmo frenético das novelas atuais, mas, no meio de tanta monotonia, uma personagem coadjuvante ganha destaque: Inês (Carol Macedo).

Empoderada, a enfermeira é dona do próprio destino. Quando criança, já mostrava personalidade de sobra ao enfrentar a própria mãe, Shirley (Barbara Reis). Crescida, não hesitou na hora de abandoná-la juntamente ao pai biológico, João Aranha (Caco Ciocler), para reencontrar Afonso (Cássio Gabus Mendes), seu pai de criação. De quebra, reviveu o amor de infância com Carlos (Danilo Mesquita).

O casal, aliás, é o mais empolgante da história. Mesmo sabendo que o ex-estudante de Medicina estava comprometido com outra, Inês lutou para reconquistá-lo e agora enfrenta com ele o drama de vê-lo largar os estudos para ajudar a mãe no sustento da família.

Justamente por não concordar com o jeito teimoso do amado, Inês tem a coragem de bater de frente com a protagonista de Éramos Seis, Lola (Gloria Pires).

Ainda que não tenha um conflito clássico de sogra e nora, com arranca rabos e discussões, a mãe de Alfredo (Nicolas Prattes) e Inês guardam contrapontos e semelhanças interessantes: há um embate familiar implícito entre elas ao redor da atenção de Carlos, além de uma lacuna geracional que as faz enxergar o mundo de maneiras distintas.

Sem submissão

Ao mesmo tempo, as duas não se resignam ao papel da mulher submissa do século passado e lutam com dignidade para tocar suas próprias vidas, sem dependerem de ninguém. Carregam, ainda, uma doçura, cada qual à sua maneira, e são as duas grandes forças femininas da história.

A atuação de Carol Macedo contribuiu e muito para o crescimento da personagem. Ao assumir o papel, a atriz já tinha um desafio e tanto: manter o nível de carisma de Inês, uma vez que a intérprete da primeira fase, Gabriella Saraivah, já havia chamado a atenção pela intensidade de sua atuação. 

Na fase atual, Carol demonstra química tanto com Cássio Gabus Mendes quanto com Danilo Mesquita --as cenas dela com o pai são delicadamente tocantes.

Desde que surgiu na TV, em Passione (2010), a atriz já dava mostras de seu talento dramático. De lá para cá, emendou coadjuvantes no horário das nove --Fina Estampa (2011) e Em Família (2014)-- e voltou a surpreender em Malhação: Viva a Diferença (2017), com um toque cômico ao dar vida à espevitada K2. No ano seguinte, a jovem interpretou, sem grandes destaques, Paulina, a "amiga orelha" de Marocas (Juliana Paiva), em O Tempo Não Para (2018).

Éramos Seis é uma evolução e tanto na carreira de Carol. Agora, ela prova sua maturidade profissional e deixa evidente que já está pronta para encarar um papel mais importante.

Mesmo coadjuvante, a atriz conseguiu se destacar e ainda ajudou a promover um pouco de movimentação na novela das seis da Globo, que por horas beira um certo estado de sonolência.


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