SANGUE BOM
JOÃO MIGUEL JÚNIOR/TV GLOBO
Sophie Charlotte como Amora Campana em Sangue Bom (2013): percursora das influenciadoras?
Quase proféticos, os autores Maria Adelaide Amaral e Vincent Villar discutiram o desejo de conquistar a fama a qualquer custo em Sangue Bom (2013), novela que estreava há dez anos na faixa das sete da Globo. Isso numa época em que as redes sociais ainda não tinham o alcance de hoje, o que possibilitou a explosão de influenciadores digitais como Gkay, Virginia Fonseca, Carlinhos Maia, Camila Loures, entre outros.
O folhetim trazia uma crítica ferrenha ao mundo das subcelebridades. "É sobre o ter e o ser, sobre essa valorização excessiva da aparência, da notoriedade, da fama, da celebridade e do esforço absurdo e patético --ou cômico, ou as duas coisas juntas-- que as pessoas fazem para se constituir famosas", explicou a novelista à época.
"Eu não tenho nada contra fama, contra a notoriedade, mas acho que tem que ser o corolário de um trabalho bem-sucedido, reconhecido. O que me deixa desconfortável é a fama sem mérito e o sucesso sem trabalho. A essência da novela é essa inversão de valores", completou Maria Adelaide.
A personagem Amora Campana (Sophie Charlotte) poderia facilmente ser considerada uma percursora das grandes influenciadoras que dominam a internet atualmente. A filha adotiva de Bárbara (Giulia Gam) era uma referência em moda para várias jovens da sua idade --além de atrair a atenção dos homens.
A it girl tinha até uma fã que fazia tudo por ela, Socorro (Tatiana Alvim). A obsessão da garota pela celebridade ultrapassou limites --não muito diferente do que acontece até hoje.
"Esse tipo de relação para mim é muito impensável. Tanto da Amora deixar essa fã enlouquecida entrar na vida dela, sabendo que é um descompasso, uma falta de estrutura total dessa menina, ser capaz de fazer essas coisas a mando de alguém e da própria personagem da Socorro fazer essas coisas, idolatrar uma pessoa a ponto de perder de vista ética, valores e limites", criticou Sophie.
A novela tinha seis jovens como protagonistas: Bento (Marco Pigossi), Amora, Malu Campana (Fernanda Vasconcellos), Giane (Isabelle Drummond), Fabinho (Humberto Carrão) e Maurício (Jayme Matarazzo).
No estilo do poema Quadrilha, de Carlos Drummond de Andrade (1902-1987), a trama mostrava as histórias de amor de cada um. Giane amava Bento, que era apaixonado por Amora, que gostava de Maurício, que era o grande amor de Malu. Já Fabinho não tinha interesses românticos, estava mais focado em conseguir poder e dinheiro.
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