Atriz resgata mulher apagada pela História e pelo fogo em Nos Tempos do Imperador

Leticia Sabatella sente que precisou dos pincéis e das pinças dos arqueólogos para interpretar a imperatriz Teresa Cristina de Bourbon-Duas Sicílias (1822-1889) em Nos Tempos do Imperador. A atriz seguiu os rastros da nobre, apagada não apenas pelos militares que proclamaram a República e exilaram a família real --boa parte de sua história também pegou fogo juntamente com o Museu Nacional, no Rio de Janeiro, em 2018.

"Eu fiz um mergulho para entender essa mulher, porque ela sofreu muito com o fim do Império, com esse confisco que fizeram da imagem de dom Pedro 2º [1825-1891] e dela. Era uma pessoa que falava napolitano, mas aprendeu o português para se aproximar do povo. Alguém realmente apaixonada pelo Brasil", explica a intérprete ao Notícias da TV.

O folhetim de Alessandro Marson e Thereza Falcão, inclusive, pretende resgatar a princesa italiana como uma pessoa realmente interessada pelo país, em contar e preservar a sua história. Nos primeiros capítulos, ela baterá de frente com o marido para guardar alguns artefatos que encontrou ao lado de cientistas em uma viagem ao sertão brasileiro.

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A passagem, ainda que fictícia, tem um respaldo histórico. Teresa Cristina estava mesmo acostumada a sujar os vestidos nas primeiras escavações arqueológicas no Brasil, assim como já o fazia em sua terra natal. Os esforços, no entanto, ficaram de fora dos livros de História, que muitas vezes a mostravam como uma mulher desligada da realidade.

"Ela era responsável por diversos sítios, fazia inúmeras coleções, lia muito. Como alguém assim pode ser considerada ignorante?", questiona Leticia, que encontrou pouquíssimas fontes sobre as explorações da personagem.

DIVULGAÇÃO/MUSEU NACIONAL

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Vulcão em erupção

Uma parte dos esforços de Teresa podia ser vista no Museu Nacional, no Rio de Janeiro. Além de peças colhidas pelo interior do Brasil, também havia a coleção de louças e cerâmicas que a própria recuperou nas escavações de Pompeia, Herculano e Veio, na Itália --destruídas pela erupção do vulcão Vesúvio no ano de 79.

A coleção escapou da lava, mas não das chamas no incêndio que derreteu parte da história humana em 2018. Os restauradores conseguiram reaver apenas 30% dos mais de 750 itens que ajudam a contar parte da história dessa mulher que pouco espaço tem nos livros didáticos.

"Eu descobri uma mulher que valorizava a cultura e que tinha um amor tão grande pelo Brasil que a fez adoecer. Ela morre de tristeza e de saudade do país, não à toa era chamada de 'mãe dos brasileiros'. E sem contar que ela era uma abolicionista, que alforriava em praça pública", pondera Leticia.

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