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ZEZÉ POLESSA

Atriz resgata figura histórica para viver primeira-dama traída em Amor Perfeito

PAULO BELOTE/TV GLOBO

Zezé Polessa caracterizada como Cândida; ela usa um vestido verde a amarelo e sorri para a câmera em ensaio de divulgação de Amor Perfeito

Zezé Polessa como Cândida em Amor Perfeito; personagem será primeira-dama de Águas de São Jacinto

SABRINA CASTRO

sabrina@noticiasdatv.com

Publicado em 23/3/2023 - 6h40

Zezé Polessa viverá um arco de transformação delicado em Amor Perfeito. Cândida, a personagem dela, sofrerá um baque ao descobrir que o marido, o prefeito Anselmo Evaristo (Paulo Betti), a traiu sua vida inteira. A partir de então, a primeira-dama da fictícia Águas de São Jacinto sairá das sombras do corrupto e assumirá o protagonismo da própria vida --embora sempre tenha tido uma fagulha de poder dentro de si.

Para isso, a atriz se inspirou em duas figuras histórias da vida real. Alzira Soriano (1897-1963), a primeira prefeita de uma cidade brasileira (Lajes, em Rio Grande do Norte), é a mais óbvia. Ela representa o lugar em que Cândida desejará chegar ao se dar conta de seu potencial.

Mas Sarah Kubitschek (1908-1996) também teve um papel importante nessa construção. Ela pode não ter tomado uma atitude tão subversiva e transgressora quanto Alzira, mas fez os próprios movimentos. Além disso, fará uma pontinha na trama --Sarah era primeira-dama de Belo Horizonte na mesma época em que se passa a nova novela das seis. Só mais tarde, em 1956, quando Juscelino Kubitschek (1902-1976) se tornou presidente, ela virou a grande dama do País.

"A Sarah não fez a virada, mas ela era filha de políticos", explicou a atriz, durante evento de apresentação da novela à imprensa. "Juscelino era médico, e acabou que ele foi entrando na vida política... Mas ela foi uma primeira-dama muito ativa, naquela coisa da época, né? Assistencialista e tal.

"E depois ela entrou na coisa da fisioterapia e fez esse grande centro com o nome dela", completou a atriz, citando o Centro Internacional de Neuroreabilitação e Neurociências Sarah, em Brasília, uma referência na área.

A artista lembra que Sarah ainda cometeu um ato incomum na época: a adoção de uma criança já crescida, Maria Estela, um dos casos de adoção mais emblemáticos do país. A outra filha, Márcia (1943-2000), foi quem influenciou a primeira-dama a mergulhar nos tratamentos neurológicos. Ela teve um problema na coluna vertebral e precisou de cuidados específicos. Depois de um processo rigoroso, conseguiu se curar.

Essas pequenas subversões serão observadas na trajetória de Cândida, que vai demorar a tomar consciência de sua posição e não conseguirá mudar de um dia para o outro. É um processo pelo qual vários personagens passarão na novela, mas em diferentes âmbitos --seja pelo reconhecimento da própria negritude; das possibilidades enquanto uma pessoa idosa; ou de direitos na qualidade de criança. 

Eu gosto dessa coisa de ser um folhetim clássico, mas eu acho que a gente sempre tem que estar com uma linguagem moderna. As pessoas veem novela, mas veem outras coisas, o cinema, enfim. E acho que a gente tem esse compromisso, essa responsa, de trazer coisas novas [para as novelas]. A novela é o maior produto artístico brasileiro, o que mais une pessoas assistindo.

Zezé chegou a confessar que anda mais apaixonada pelas novelas do que pelo teatro, justamente pela mobilização que esse produto tem. Quando foi encenar uma peça em Portugal, nos cartazes divulgados na fachada do teatro, não era seu nome que aparecia; mas, sim, "Marinelza, de Salsa e Merengue [novela de 1996 em que atuou]".

Na nova novela das seis, Cândida é mãe de Gaspar (Thiago Lacerda), um dos vilões da trama, Ivan (Bruno Montaleone) e Luís (Paulo Mendes). Religiosa, forte e dominadora, mima os filhos a ponto de fazê-los "não se tornarem coisas boas".

O caçula é o que mais sofre com suas artimanhas. Ela sempre o recruta para seus planos, tentando fazer prevalecerem suas vontades sobre as de Anselmo. Mas só faz isso pelas costas do marido, claro. Cândida só vai bater de frente com o prefeito depois que descobrir o caso dele com Verônica (Ana Cecilia Costa).

Amor Perfeito estreou na segunda (20), substituindo Mar do Sertão na faixa das 18h da Globo. Criada por Duca Rachid e Júlio Fischer, e escrita também com Elísio Lopes Jr., a novela conta a história de Marcelino (Levi Asaf), menino abandonado numa irmandade de padres quando ainda era bebê. 


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