Ator escapa de núcleo cômico para fazer público cair no choro em Éramos Seis

Kiko Mascarenhas caiu para trás ao descobrir que tinha escapado do núcleo de humor de Éramos Seis. Intérprete do Virgulino, o ator passou boa parte da trama metido com reuniões políticas no cabaré do remake de Angela Chaves. "Eu jurava que ia direto para Itapetininga. Foi uma surpresa ser escolhido para essa posição", revela ele ao Notícias da TV.

O artista sequer chegou a colocar os pés na cidade do interior, onde a família de Olga (Maria Eduarda de Carvalho) se desdobrava para dar um alívio cômico à trama em meio à série de tragédias na vida de Lola (Gloria Pires). "Outro dia, uma mulher me parou na rua para dizer que nunca pensou que o Tavares [seu personagem em Tapas & Beijos, entre 2011 e 2015] pudesse fazer ela chorar", relembra.

O humorista confessa que as pessoas ainda não se acostumaram a vê-lo em um papel dramático, mesmo faltando poucos capítulos para o fim da novela das seis. "O público me liga à comédia de um jeito muito forte, então ainda tem gente que está se surpreendendo [com o resultado] tanto quanto eu", pondera ele.

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Mascarenhas ainda descobriu que se diverte até mais fazendo os telespectadores chorarem do que rirem. "Adoro arrancar risadas, mas lágrimas também são legais. Você empresta uma emoção que, no fundo, nem existe. Torna-se uma brincadeira também", afirma o ator.

Ele confidencia que combinou com a parceira Kelzy Ecard de dar apenas alguns toques bem-humorados ao casal, sem pisar fundo no acelerador. "Vinha tanta calamidade pela frente que a gente tinha a preocupação de não apostar muito na comédia para não ficar sem credibilidade na hora que o bicho começasse a pegar", considera o veterano.

CAMILLA MAIA/TV GLOBO

Virgulino (Kiko Mascarenhas) entre outros personagens de Éramos Seis durante manifestação 

Espécie em extinção

Mesmo antes da entrada de Marcos Caruso na trama, Kiko conta que procurou o ator para que ele lhe passasse oficialmente o bastão de Virgulino. O seu colega de cena interpretou o funcionário da Telefônica na adaptação do livro de Maria José Dupré (1898-1984) para o SBT em 1994, quando fez par com Jandira Martini.

"Ele me disse que tinha um personagem incrível, que era um bom pai, um homem íntegro, consciente politicamente. Um cara amoroso e desprovido de qualquer tipo de preconceito, o que era raro para época. Hoje, vejo que Caruso está coberto de razão com todos os elogios", brinca.

Kiko Mascarenhas, porém, discorda quando lhe dizem que o marido de Genu (Kelzy Ecard) é um tipo em extinção. "A gente tem a impressão de que a ética acabou, mas ainda tem muita gente justa no mundo. As pessoas ainda têm caráter, porém isso passa despercebido. O mau-caratismo pode gritar, espernear, mas a gente ainda tem que ter esperança na humanidade", arremata o artista.

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