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NOVO PONTO DE VISTA

Amor Perfeito tem metade do elenco preto e narrativa histórica inédita

SERGIO ZALIS/TV GLOBO

No lançamento de Amor Perfeito, Levi Asaf dá um beijo no rosto de Camila Queiroz; Diogo Almeida está ao lado e observa

Camila Queiroz e Diogo Almeida serão pais de Levi Asaf em Amor Perfeito: família inter-racial

CARLA BITTENCOURT, colunista

carla@noticiasdatv.com

Publicado em 20/3/2023 - 6h35

Um protagonista negro, um casal de heróis inter-racial, pretos em papéis nunca vistos em uma novela de época. Amor Perfeito, nova novela das seis que estreia nesta segunda-feira (20), tem tudo para entrar para a história da teledramaturgia brasileira. Pela primeira vez em um folhetim deste tipo, a narrativa será contada a partir de um ponto de vista diferente.

"A população negra desse período ocupava diversas posições na sociedade, inclusive na área médica, e poucos sabem. Isso já norteia todo o desenvolvimento da história", conta o diretor artístico André Câmara.

A novela escrita por Duca Rachid, Júlio Fischer e Elísio Lopes Jr., é livremente inspirada na obra Marcelino Pão e Vinho, de José María Sánchez Silva (1911-2002), publicada pela primeira vez no começo da década de 1950. Nesta adaptação, o protagonista é vivido por Levi Asaf, um menino negro. Ele é filho de Marê (Camila Queiroz) e Orlando (Diogo Almeida), um casal inter-racial que não discutirá o racismo.

"A novela fala sobre o amor em todas as suas formas. Só vamos mostrar mais uma forma de amor. Não é a cor da pele que vai dizer quem ama mais, quem ama menos, quem merece ser amado e quem não merece. Marê e Orlando não se escolhem por isso. Em nenhum momento levantamos essa fala nesse casal. Realmente, só queremos transmitir a mensagem de um amor que, ao meu ver, é uma coisa absolutamente normal. Espero que o público entenda e receba isso", diz Camila Queiroz, em sua volta à Globo.

Amor Perfeito tem uma trama dividida em duas fases, entre 1934 e 1942, e se passa na fictícia cidade de Águas de São Jacinto, no interior de Minas Gerais. Na trama, Orlando é um médico bem-sucedido. A escolha da profissão do protagonista não foi ao acaso. Durante as pesquisas para escrever a sinopse, os autores descobriram que a primeira faculdade de Medicina do Brasil funcionava na Bahia e que, nessa época, havia mais médicos negros, proporcionalmente, do que hoje em dia.

A partir deste estudo, os autores decidiram retratar o Brasil como era naquela época e, por isso, pela primeira vez, a novela tem 50% de negros, na frente e por trás das câmeras. "Decidimos mostrar um Brasil que sempre existiu, mas que permaneceu desconhecido por parte do grande público. Um Brasil com cores, formas e culturas diversas com muita representatividade", explica Duca Rachid.

Wanda (Juliana Alves) é uma mulher moderna, dona da loja A Brasileira Elegante, que vende produtos femininos "ousados" para a mentalidade interiorana da época, como tops, calças compridas e terninhos. Já Lívia (Lucy Ramos) é a dona do salão de beleza do Grande Hotel Budapeste, onde se ostentam cabelos afro e muitas releituras de penteados africanos.

"Esta é uma novela histórica porque a gente traz a essência da história que não foi contada lá atrás. Ninguém sabia que existiam tantos médicos pretos, advogados, pessoas importantes... Quiseram apagar a nossa história, então, tudo era contado só de uma maneira, porque a gente não tinha acesso a todas as informações", avalia Lucy.


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