EMPODERAMENTO
Divulgação/HBO
Bruna Lombardi em cena de A Vida Secreta dos Casais, série da HBO que ela estrela e escreve
O termo "empoderamento" é a palavra de ordem da vez na televisão. Emissoras e canais pagos estão à procura de novos projetos que contem com personagens femininas fortes, como protagonistas ou coadjuvantes. Produções em que a mulher é apenas o interesse romântico ou uma presença sensual não terão mais vez.
No Rio Content Market, feira de audiovisual realizada nesta semana no Rio de Janeiro, a presença feminina foi uma tendência clara, em projetos para todos os públicos e idades _até para meninas em fase pré-escolar. Não à toa, o evento começou na terça (7) com a estreia mundial da série norte-americana Rebel, sobre uma policial negra que sai da corporação para fazer justiça com as próprias mãos.
Na manhã de quinta-feira (9), o Notícias da TV acompanhou uma apresentação em que criadores de animações infantis tentavam vender seus projetos para emissoras do mundo todo. Dos cinco projetos mostrados, apenas um (do desenho Liz & Zil) não foi criticado pela ausência de mulheres fortes. O motivo? O projeto de animação da Hype tem duas personagens jovens, mas bem desenvolvidas, como protagonistas.
"Mesmo em um projeto com três protagonistas masculinos, você precisa ter uma menina forte, até como ponto de entrada para um público infantil feminino que talvez não tenha interesse nesse desenho se ele tiver apenas homens na tela", apontou Sarah Legg, executiva de aquisições do CBeebies, braço infantil da rede inglesa BBC.
Se nos Estados Unidos a HBO ganhou espaço com séries como Sex and the City (1998-2004) e Girls (em sua sexta e última temporada), no Brasil o canal aposta em A Vida Secreta dos Casais, que estreia ainda neste ano e é escrita e estrelada por Bruna Lombardi. Bruna interpreta Sofia, uma terapeuta que cria um espaço tântrico para que casais liberem suas energias sexuais reprimidas _mais girl power, impossível.
reprodução/facebook
Imagem de divulgação do projeto Liz & Zil, alvo de elogios por ter duas protagonistas fortes
"Nós somos muito feministas. Até em Filhos do Carnaval [2006-2009], que era sobre três irmãos homens, suas mulheres eram importantes como contraponto. E tivemos Alice [2008], Mulher de Fases [2011], temos O Negócio, Magnífica 70. Não é proposital ter mulheres fortes, mas simplesmente acontece", afirma Roberto Rios, vice-presidente corporativo da HBO Latin America.
E as mulheres não são destaque apenas em animações infantis e nos dramas adultos: na comédia, elas também são a bola da vez. A Netflix já anunciou que sua próxima produção no Brasil será a comédia Samantha!, sobre uma ex-atriz mirim que não manteve o sucesso ao crescer.
Já o filme Gostosas, Lindas e Sexies, sobre quatro amigas gordinhas e de bem com a vida, só chega aos cinemas em 20 de abril, mas a produtora Santa Rita Filmes já negocia a realização de uma série derivada da comédia.
A atriz, diretora e produtora Dani Suzuki encara a evolução das personagens femininas como um lembrete do que ainda precisa ser melhorado fora da televisão. "Quarta-feira (8) foi Dia Internacional da Mulher, mas eu li que, a cada hora, 500 mulheres são espancadas no Brasil. Então, é importante reforçar esse valor feminino o tempo todo, porque ele é sempre esquecido", disse ela no Rio Content.
Dani também valoriza a presença crescente de mulheres atrás das câmeras, na direção e produção de programas. "Fico muito feliz de ver mulheres assumindo esses postos, dando vida ao nosso cinema, à televisão", aponta.
Maria Angela de Jesus concorda: "Estamos conquistando mais espaço. Ainda brigamos por respeito, mas veja casos como os de Shonda Rhimes [de Grey's Anatomy, Scandal e How to Get Away with Murder], a grande produtora de séries da Disney/ABC. Ela é mulher, negra e conquistou seu espaço".
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