SUCESSO VIRTUAL
Divulgação/Galinha Pintadinha
Galinha Pintadinha não sai do Top 10 de séries infantis da Netflix há 34 semanas
A guerra do streaming movimenta bilhões anualmente, mas algumas armas vitoriosas são apostas bem mais discretas. A Galinha Pintadinha, que está no Top 10 de séries infantis da Netflix há 34 semanas, é uma delas. Seu sucesso é fruto do acaso, e a plataforma largou na frente das rivais por investir cedo na penosa.
Tão cedo, aliás, que ela sequer havia oficializado seu funcionamento em território nacional quando "contratou" a Galinha Pintadinha. "Nós assinamos nosso primeiro contrato antes mesmo de a Netflix chegar aqui. Quando ela entrou em operação no Brasil, nós já estávamos no pacote", lembra Juliano Prado, que criou a personagem em parceria com Marcos Luporini, em conversa exclusiva com o Notícias da TV.
Como a audiência da Netflix era uma caixa-preta --que só recentemente, aos poucos, começou a ser desvendada--, nem os produtores tinham noção se a Galinha fazia sucesso com o público do streaming ou não. "O parâmetro que nós tínhamos era se eles renovavam o contrato", conta, aos risos.
No fim do ano passado, a plataforma decidiu compartilhar alguns de seus números e revelou a audiência de mais de 18 mil títulos disponíveis entre janeiro e junho de 2023. Quando somadas suas cinco temporadas, a Galinha Pintadinha teve 46,5 milhões de horas assistidas no semestre.
O feito se torna ainda mais impressionante pelo fato de ela só estar disponível em poucos territórios além do Brasil, como Argentina e México, e de cada temporada ser composta de apenas um episódio, que tem entre 30 e 42 minutos. Ou seja, o público assiste muito aos clipes da Galinha Pintadinha --e repete, e repete, e repete...
"A Galinha está quase completando 20 anos [seu primeiro vídeo foi colocado no YouTube em dezembro de 2006], e ao longo do caminho nós fomos entendendo que ela é uma estrela musical, então fomos investindo cada vez mais nas canções. E música fica mais fácil de repetir, né?", ressalta Prado. "Até adulto, quando gosta de uma canção, ouve mais de uma vez."
De uns tempos para cá, a personagem tem ganhado espaço até no Spotify, uma plataforma que disponibiliza apenas áudios --ou seja, os fãs consomem a música da Galinha Pintadinha mesmo sem seus clipes fofos e coloridos. "Antes, o Spotify não aparecia muito, mas o áudio tem crescido", entrega o criador da personagem --que tem 1,2 milhão de ouvintes mensais.
O curioso é que esse império da Galinha Pintadinha é fruto do destino. Juliano Prado e Marcos Luporini subiram o primeiro vídeo da personagem no YouTube para apresentá-la em uma reunião com um canal infantil. Os executivos não gostaram tanto da ideia, mas o clipe continuou na plataforma e disparou no número de visualizações --incentivando a dupla a investir na internet.
"Tem um quê de sorte, claro, mas na época nós já tínhamos a ideia de apostar na internet. Eu tinha esse faro de que poderia dar certo, já tinha trabalhado com digital antes", aponta Prado. "Só que, quando começamos a colocar os vídeos no YouTube, de graça, não fazia o menor sentido, porque não tinha monetização. Era uma vitrine para vender DVD independente."
"Numa época que ninguém trilhava esse caminho, nós fomos desbravando. Quando o mercado de streaming começou, já estávamos no YouTube", lembra o produtor. Hoje, além da Netflix e da plataforma de vídeos do Google, a Galinha Pintadinha está disponível no Globoplay, no Prime Video, no Looke, no NetMovies, na Claro TV+ e no Apple TV+.
"Nós sempre tivemos a estratégia de ser multitela, alcançar o maior público possível. Como é um projeto meio que autofinanciado, nós somos independentes e temos a liberdade para negociar com todos, sem ficar preso a um só canal ou player. E é um produto clássico, que todo streaming quer ter. Quase todo mundo tem criança em casa, né?", ressalta Prado.
Obviamente, o sucesso da Galinha Pintadinha motivou o surgimento de alguns "clones", outras animações que tentam repetir o fenômeno da personagem. Juliano Prado não perde o sono com eles. "É muito difícil reproduzir esse fenômeno hoje em dia, é outra base. São muitos criadores, a concorrência é muito maior, acho que não tem mais como alcançar o público daquele jeito."
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