FORA DA JOVEM PAN
REPRODUÇÃO/YOUTUBE
O professor e historiador Marco Antonio Villa estreia como âncora da rádio Bandeirantes em 15 de julho
VINÍCIUS ANDRADE
Publicado em 5/7/2019 - 20h07
Há pouco mais de um mês fora do rádio depois de sair da Jovem Pan, Marco Antonio Villa estreia como âncora do jornal Primeira Hora, na Bandeirantes, no próximo dia 15. "Tenho compromisso com o independência, não tenho rabo preso com ninguém", diz o professor e historiador em entrevista exclusiva ao Notícias da TV, que publicou a informação da contratação em primeira mão nesta sexta (5).
"Acho que parte do que eu consegui, do que as pessoas gostam, é saber que eu não tenho rabo preso com ninguém. Não sou necessariamente contra alguém ou a favor de alguém. Não existe isso. Existe o fato. E, com base no fato jornalístico, faço meu comentário sem ter esse rabo preso. Não há jornalismo sem independência. Sei que é difícil, nós estamos vivendo um momento de muita tensão política", explica.
Marco Antonio Villa comandará o Primeira Hora ao vivo de segunda a sábado, das 7h às 8h, a partir do dia 15. O horário escolhido tem uma explicação. O historiador tinha um público fiel no Jornal da Manhã, da Jovem Pan. A ideia da Bandeirantes com a contratação do historiador é incomodar a concorrente e atrair novos ouvintes para a sua programação.
O novo contratado promete um jornal diverso: "[Vamos] acompanhar pari passu [ao mesmo tempo] os principais assuntos do Brasil na política, na economia, no cotidiano, no futebol. Quer dizer, em tudo. O jornal passa também por acontecimentos de espetáculos, porque a gente fala sobre arte, cinema".
"Vamos dar uma visão sobre o que está acontecendo no país, sempre com uma visão muito cuidadosa, estudando os principais problemas que eu discuto. Não gosto do 'eu acho', sempre gosto de falar com base no conhecimento, do que eu li, do que aprendo. Visão crítica, mas propositiva", argumenta Villa.
Além de apresentar o noticiário matinal, Marco Antonio Villa fará comentários políticos três vezes ao dia durante a programação da rádio. Inicialmente, o contrato terá duração de um ano, com possibilidade de prorrogá-lo por mais um. Também é discutida discute a possibilidade de ele fazer participações no Jornal da Noite.
A contratação de Villa foi anunciada pela rádio Bandeirantes na noite desta sexta-feira (6). Ele participou do programa Bastidores do Poder, onde celebrou sua contratação. "É um prazer trabalhar na rádio Bandeirantes. Sou ouvinte desde os anos 1960, sempre acompanhei o trabalho da rádio. É um desafio e uma alegria ter vocês como colegas", disse ele.
Fábio Pannunzio então, provocou a rádio Jovem Pan, onde Villa trabalhava. "Aqui não tem problema falar as coisas", alfinetou ele.
"Aprendi em programas célebres da Bandeirantes, como o Canal Livre, sempre aprendi muito com todo noticiário de pluralidade da Band. Não há democracia sem pluralidade. Toda a minha reflexão parte disso. Recebi o convite com muita alegria, estou com muita disposição de trocar ideias sobre o Brasil. Nunca o interesse por política foi tão grande quanto nos últimos cinco anos", comemorou o contratado.
"O Brasil vive tensão política e econômica, mas é legal esse jornalismo combativo e plural que a Bandeirantes faz", afirmou Villa. O professor e historiador aproveitou o espaço para matar a saudade de seus ouvintes e fez diversos comentários políticos em sua participação de quase 25 minutos no Bastidores do Poder.
"O governo e as oposições não têm um projeto para o Brasil. Estamos perdidos, e a economia não anda. Tem ministro aí que não conhece o Brasil, e o presidente precisa ouvir mais seus assessores", opinou.
Quando questionado se era de direita ou de esquerda, ele afirmou: "Eu sou republicano, tenho um radicalismo republicano. O Brasil é maior do que essa contradição PT x Bolsonaro, eu estou no meio. O mundo é complexo".
Assista abaixo à primeira participação de Marco Antonio Villa na rádio Bandeirantes:
Villa era contratado da Jovem Pan, mas sua situação ficou insustentável em maio deste ano, quando ele disse, às vésperas de uma manifestação a favor do governo Jair Bolsonaro, que "atos neonazistas [aconteceriam] no dia 26".
"Um presidente não tem compostura, não tem preparo. Não tem articulação política. Reforça a crítica ao parlamento, estimulando atos neonazistas, como do próximo dia 26, que é claramente no sentindo de fechar o Supremo, fechar o Congresso e impor a ditadura. E o presidente estimula isso", opinou Villa na ocasião.
Na mesma semana, ele foi afastado pela direção da Jovem Pan. Em um primeiro momento, a direção da rádio alegou que estava de férias durante 30 dias, o que foi desmentido pelo próprio. Depois, as duas partes fizeram uma rescisão amigável do acordo profissional.
Na ocasião, havia o boato de que Jair Bolsonaro tinha pedido a demissão de Villa, o que foi negado por Felipe Moura Brasil, diretor de Jornalismo da Pan. "Bolsonaro nunca pediu 'cabeça' de qualquer profissional da empresa", disse Moura no programa Os Pingos Nos Is, em maio. A rádio também soltou um comunicado se justificando.
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