Emissoras vs Operadoras
Reprodução/RecordTV
Marco Gonçalves no Cidade Alerta de 29 de março, quando a Simba declarou guerra à TV paga
DANIEL CASTRO
Publicado em 29/5/2017 - 5h32
Afastado na semana passada das negociações pela venda dos sinais de Record, SBT e RedeTV! às operadoras de cabo e satélite, o executivo Marco Gonçalves esteve no centro de um escândalo um mês antes de ser contratado pela três emissoras. Em fevereiro deste ano, ele teve de deixar a sociedade no banco BTG Pactual após ser acusado de gastar R$ 1 milhão em duas noitadas numa boate de Nova York.
Segundo reportagem do jornal New York Daily News, Marcão, como é conhecido, teria dado um calote de US$ 340 mil (R$ 1,115 milhão atualmente) no badalado night club Provocateur, no Meatpacking District, bairro da ostentação novaiorquina. Teria dito aos amigos para beberem à vontade _e eles o fizeram, consumindo bebidas caras como a champanhe Dom Pérignon e a tequila Patrón Magnum.
A gastança digna de rei do camarote ocorreu em junho do ano passado, mas só veio à tona no final de janeiro, após o dono da boate processar Marco Gonçalves.
O banqueiro tem uma versão diferente da história. Diz que não frequentou a boate, mas um restaurante anexo. E que não estava acompanhado de "inúmeras pessoas", mas de apenas quatro amigos. Gonçalves diz que só tomou conhecimento do valor da conta quando recebeu o extrato do cartão de crédito. Ele teria pago a fatura e contestado a despesa, que teria sido reembolsada pela American Express.
O hoje executivo da Simba, empresa formada pelo SBT, Record e RedeTV!, acabou fazendo um acordo na Justiça de Nova York, mantido em sigilo. Reconhece que pagou a quantia cobrada pela Provocateur, para se livrar do escândalo e de chantagens que estaria sofrendo.
O escândalo acabou sendo inevitável e saindo caro para Gonçalves. Ele perdeu o apoio dos acionistas do BTG Pactual, escaldados pela prisão do CEO do banco, André Esteves, envolvido com a Lava Jato, em 2015. Após oito anos, teve que deixar a sociedade, no início de fevereiro.
A fama de negociador duro levou Gonçalves à Simba, um mês depois. Ele tinha o perfil que Record, SBT e RedeTV! buscavam, já que pretendiam lançar uma guerra contra as principais operadoras de TV paga. A guerra acabou saindo um tiro no pé. Até agora, as emissoras não conseguiram tirar um único centavo das operadoras. E estão fora do cabo e do satélite no maior mercado do país, o da Grande São Paulo.
Gonçalves é um especialista em fusões e aquisições. Nas negociações com as empresas de TV por assinatura, teve que trocar o papel de "negociador duro" pelo de apaziguador. Mas acabou chamando a atenção mesmo pelo desconhecimento do mercado e pela inviabilidade da única proposta feita, de R$ 15 pelos sinais das três redes abertas, mesmo custo que as operadoras têm com pacotes premium, como HBO e Telecine.
Desde a última terça (23), Gonçalves não atua mais na linha de frente de negociações da Simba. A empresa contratou para essa tarefa Ricardo Miranda, ex-presidente da operadora Sky. Mas Gonçalves continua na Simba.
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