STREAMING NO VERMELHO
Divulgação/Hulu
Elisabeth Moss (à esq.) e Alexis Bledel em cena The Handmaid's Tale, maior sucesso da Hulu
LUCIANO GUARALDO
Publicado em 8/2/2018 - 19h04
Atualizado em 8/2/2018 - 19h39
Em 2017, ano em que lançou a série The Handmaid's Tale, ganhadora do Emmy e do Globo de Ouro de melhor drama, o serviço de streaming Hulu teve um prejuízo de US$ 920 milhões (mais de R$ 3 bilhões). Para 2018, a expectativa de especialistas é de que a plataforma sofra ainda mais: as perdas devem chegar a US$ 1,7 bilhão (R$ 5,5 bilhões).
Os números levantam dúvidas sobre a viabilidade dos investimentos bilionários que os serviços de streaming estão fazendo para conquistar seu espaço no mercado do entretenimento: apesar de somar prêmios importantes para suas estantes e ganhar credibilidade, empresas como a Hulu não conseguem sair do vermelho.
Com 17 milhões de assinantes nos Estados Unidos (além do território norte-americano, a Hulu só está disponível no Japão), que pagam uma mensalidade de US$ 7,99 (R$ 26), a plataforma teve uma receita de aproximadamente US$ 1,6 bilhão em 2017. A companhia, no entanto, havia revelado que investiria US$ 2,5 bilhões em conteúdo, o que resulta em um prejuízo quase bilionário.
Os números foram revelados em reunião para acionistas da Comcast, que detém 30% da Hulu. Na ocasião, foi anunciado que a gigante das telecomunicações investiu US$ 300 milhões na plataforma de streaming e registrou US$ 276 milhões de prejuízo _as outras três sócias, Fox, Disney e Time Warner, fizeram investimentos e tiveram perdas proporcionais à porcentagem de ações.
Para 2018, a Comcast, a Fox, a Disney e a Time Warner deverão colocar mais US$ 1,5 bilhão para manter a Hulu funcionando, segundo projeções feitas pelo analista Rich Greenfield, do instituto BTIG Research, para a revista Variety.
Em um momento de transição no mercado do entretenimento, no qual a Disney entrou com um processo de compra da Fox, um prejuízo desse porte é preocupante. Se a fusão com a Fox for aprovada, a empresa do Mickey Mouse passará a deter 60% da plataforma de streaming e, dificilmente continuará perdendo dinheiro com a Hulu, já que planeja um serviço próprio.
Menos prestígio, mais verba
A Netflix, líder do mercado, vive uma situação um pouco diferente. Apesar de ainda não ter levado nenhum prêmio de melhor série de drama, ela está com as finanças no azul.
Com 117,6 milhões de assinantes espalhados pelo mundo, a empresa teve uma receita de US$ 11,6 bilhões no ano passado, segundo dados divulgados aos acionistas em reunião sobre o desempenho trimestral.
Para 2018, a empresa adiantou que deve investir cerca de US$ 8 bilhões (ou R$ 26,2 bilhões) na produção de séries e filmes originais. Teria saldo suficiente para continuar no azul e ainda bancar funcionários e escritórios espalhados pelo mundo. Pode, assim, se dar ao luxo de esconder dados sobre audiência, já que não depende de anunciantes para manter sua operação funcionando.
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