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De ameaça a mobilização

Como Silvio Santos e Edir Macedo vão tentar tomar R$ 3,5 bilhões da TV paga

Reprodução/RecordTV

Edir Macedo e Silvio Santos em encontro, em 2015, em que discutiram cobrança da TV paga - Reprodução/RecordTV

Edir Macedo e Silvio Santos em encontro, em 2015, em que discutiram cobrança da TV paga

DANIEL CASTRO

Publicado em 20/3/2017 - 5h27

Para tentar arrancar até R$ 3,5 bilhões por ano das operadoras de TV paga, Record, SBT e RedeTV! armaram uma estratégia que inclui ameaças a interesses bilionários, campanhas publicitárias e mobilização de telespectadores e de parlamentares.

No próximo dia 29, com o desligamento do sinal analógico na Grande São Paulo, as emissoras terão um grande trunfo na mão. Elas poderão cobrar das operadoras de de TV por assinatura pela distribuição de seus sinais em alta definição.

De olho no potencial desse negócio, criaram no final do ano passado uma empresa, a Simba, uma joint venture entre as três redes fortemente combatida por operadoras e programadoras de TV por assinatura durante a tramitação de processo no Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica).

Na semana passada, a Simba contratou o banqueiro Marco Gonçalves, ex-sócio do BTG Pactual, para atuar como negociador com as operadoras. Assim, Silvio Santos e Edir Macedo terão como aliado um profissional experiente na fusão e aquisição de empresas, temido no mercado financeiro, tido como aquele que ninguém quer ter do outro lado do balcão.

As três redes abertas, que respondem por quase 20% de toda a audiência da TV por assinatura, estimam que seus sinais valem R$ 15,00 mensais por assinante. Considerando a marca de 19 milhões de assinantes no país, isso dá quase R$ 3,5 bilhões brutos por ano.

É muito dinheiro para as emissoras: elas praticamente dobrariam suas receitas atuais com publicidade. Então, vale tudo para obtê-lo.

A principal arma das três redes é o PLC 79. Em tumultuada tramitação no Senado Federal, o projeto de lei complementar altera a Lei Geral de Telecomunicações, com profundas mudanças no setor.

O que mais importa no PLC, para as emissoras de TV, é que ele significa um presentaço para as empresas de telecomunicações. Entre anistia de multas e transferência de infraestrutura, beneficia as teles com R$ 100 bilhões, praticamente o faturamento de um ano de todo o setor.

As operadoras de TV por assinatura são empresas de telecomunicações (América Móvil, Telefônica, Oi). Se elas não aceitarem pagar pelos sinais das emissoras abertas, como vêm dizendo, Record, SBT e RedeTV! estão prontas para bombardearem o noticiário com essa informação potencialmente escandalosa.

Inspiração de Fox vs Sky
No final de janeiro, em uma tensa negociação com a Sky, a programadora Fox cortou os sinais de seus canais da operadora. O assinante de TV paga se voltou contra a Sky, e a Fox conseguiu um bom aumento. As três redes abertas assistiram à movimentação de camarote. E vão agora usar a mesma estratégia da Fox.

As operadoras que sequer aceitarem negociar com a Simba ficarão sem Record, SBT e RedeTV! na Grande São Paulo já no próximo dia 29. Nas redes sociais e nos intervalos comerciais, as TVs irão sensibilizar seus telespectadores de que o que reivindicam é legal e justo e lembrarão que a Globo já cobra por seu sinal na TV paga.

As emissoras contam com seus "exércitos" de torcedores, os "sbtistas" e os "recordistas". Eles serão mobilizados para pressionarem as operadoras e combaterem seus argumentos na internet. Aliada da Record, a bancada evangélica já está de sobreaviso para usar sua influência contra os interesses das teles.

Vem briga de gigante pela frente.


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