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BACURAU E A POLÍTICA

'Se não encontrar um caminho rápido, mundo acaba em 10 anos', diz Sônia Braga

DIVULGAÇÃO/VITRINE FILMES

Sônia Braga como a médica Domingas no filme Bacurau, que entra em cartaz em 29 de agosto - DIVULGAÇÃO/VITRINE FILMES

Sônia Braga como a médica Domingas no filme Bacurau, que entra em cartaz em 29 de agosto

VINÍCIUS ANDRADE

Publicado em 21/8/2019 - 5h06

Sônia Braga nunca teve medo de dizer o que pensa. Três anos depois do lançamento de Aquarius, a atriz de 69 anos volta aos cinemas como a médica sertaneja Domingas em Bacurau, filme que entra em cartaz em 29 de agosto. Ela espera que o longa faça com que as pessoas revejam o Brasil e tentem achar uma saída para "as nossas necessidades". "Se não encontrar um caminho bem rápido, o mundo acaba em dez anos", projeta.

"No fundo, todo mundo quer a mesma coisa. Quem não quer que todo mundo coma três vezes ao dia, tenha merenda, que vá à escola, que tenha cultura? Todo mundo quer a mesma coisa! Como a gente vai reconversar isso? Bacurau vem pra abrir essa discussão, que a gente possa conversar e realmente encontre um caminho rápido", disse Sônia Braga em conversa com jornalistas na terça (20).

"A gente tem muita discussão, muitos projetos e muita coisa pra conversar. Mas a gente não tem tempo. Tenho a esperança de ter debate. Essa é a coisa mais importante desse momento", afirmou, antes de fazer uma menção direta à vereadora Marielle Franco, assassinada em 14 de março do ano passado: "Eu dediquei minha personagem, Domingas, a Marielle. E quero saber quem mandou matar Marielle?".

Do Festival de Cannes, onde ganhou o Prêmio do Júri neste ano, ao de Gramado, os eventos com elenco e equipe de Bacurau são cercados por temas políticos. Em São Paulo, a apresentação à imprensa não foi diferente. O presidente Jair Bolsonaro foi criticado após cortes nos editais de financiamento da Cultura e o anúncio de que aplicaria "filtros" antes de liberar produções para captarem recursos por meio da Lei do Audivisual.

"A gente não conseguiria captar os valores que a gente captou pra fazer esse filme. Não tem mais edital de cinema pela Petrobras, muitos patrocínios culturais da Petrobras. Estão começando a ter questões de filtros em relação a filmes com temáticas LGBT. É tudo muito absurdo", lamentou a produtora Emilie Lesclaux, que ressaltou que Bacurau não sofreu nenhum tipo de censura.

O filme começou a ser idealizado em 2009 e foi contemplado em 2014 com R$ 1 milhão pelo Fundo Setorial do Audiovisual, da Ancine (Agência Nacional de Cinema). Outros R$ 7 milhões do orçamento vieram do Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura, da Petrobras e da Arte France Cinema, da França, além de um aporte privado de Telecine, Globo Filmes e Canal Brasil. Assista ao trailer:

Jair Bolsonaro x Ancine

Bolsonaro ameaçou acabar com a Ancine. Mas, em live no Facebook transmitida em 15 agosto, o presidente explicou que não poderia encerrar a agência: "Se não tivesse mandatos em sua cabeça toda, já teria degolado tudo". A diretoria colegiada da instituição tem três pessoas com mandatos de quatro anos.

Para ter um controle maior sobre o trabalho do órgão, Bolsonaro anunciou que vai transferir a sede da agência do Rio de Janeiro para Brasília. "O que não pode é dinheiro público ser usado para filme pornográfico", justificou o presidente.

Bacurau é dirigido Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles. Como é tradicional no trabalho dos cineastas, o filme exibe várias pessoas peladonas, inclusive com nu frontal. Será que Bolsonaro vai assistir?

"O filme foi feito com dinheiro público. Como cidadão brasileiro, ele [Jair Bolsonaro] tem todo o direito a ver, mas eu não sei o que ele acharia do filme. Quem sabe ele pode até gostar do filme. A gente não tem nenhuma jurisdição pra saber o que o presidente vai achar, mas o presidente pode ver o filme, como qualquer cidadão brasileiro pode ver", opinou Mendonça Filho.

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