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SEXO BILIONÁRIO

Pornhub: Documentário da Netflix falha em expor podridão de site pornô

Divulgação/Netflix

Três atores pornô são gravados por uma câmera

Cena do documentário Pornhub: Sexo Bilionário (2023), lançado exclusivamente na Netflix

A indústria pornográfica é, há muito tempo, um tema polêmico --para dizer o mínimo. De carona na popularidade do assunto, a Netflix lançou o documentário Pornhub: Sexo Bilionário (2023), na esperança de escancarar os diversos lados do pornô. O longa-metragem, porém, acaba servindo muito mais como propaganda de um negócio rentável.

Dirigido por Suzanne Hillinger, o filme começa otimista. Mostra a evolução do consumo de conteúdo pornográfico na internet e intercala depoimentos de atrizes e atores do gênero, uma redatora de filmes adultos e um defensor da liberdade de expressão. Todos dizem que tirar a pornografia das mãos dos estúdios foi um passo importante para a autonomia dos chamados profissionais do sexo.

Com o avanço de sites como o Pornhub, conteúdo amador e feito de maneira caseira explodiu pela web, e pessoas que ganham seu sustento por meio do corpo não precisam mais ficar à mercê de diretores que exigiam posições ou até um tipo de sexo que não estavam dispostos a fazer.

Do meio para a frente, o documentário tenta mostrar imparcialidade ao retratar as acusações que a plataforma sofre há anos de ser conivente com estupro de vulneráveis e exibição de conteúdo sexual com crianças e adolescentes. O problema é que a tentativa não chega nem perto de dar certo.

Controverso, o documentário traz às telas denúncias de movimentos que acusam o Pornhub de ser conivente com tráfico sexual ao permitir que pessoas não verificadas publiquem o conteúdo que quiserem online. A narrativa passa pelo sofrimento das vítimas, mostra que o site se beneficia até mesmo dos conteúdos que retiram do ar ao manterem páginas para arrecadar dinheiro com anúncios, mas peca ao finalizar relativizando o sofrimento e culpando somente conservadores pelo desejo do fim do site.

Para os trabalhadores que mantêm um perfil e tiram seu sustento de sites como o Pornhub, é uma forma de censura e uma afronta à profissão que as militâncias peçam pela desmonetização do conteúdo, mas para vítimas que tiveram seus rostos e corpos criminalmente expostos e sem consentimento, é uma dor que não dá para voltar atrás.

O Pornhub acaba saindo como o "menos pior" no vasto mundo da internet, e o documentário serve como artimanha para inocentar os donos por "lavarem as mãos" diante dos problemas que ocorrem na plataforma.

Os atores com os quais o público simpatiza logo no começo do filme se mostram obrigados a voltarem ao antigo modelo de negócio, que é opressor e os leva ao caminho da humilhação por vezes.

O ponto é extremamente compreensível --aqueles que vivem disso se veem desesperados diante das tentativas de derrubar um império movido pelo sexo, que ainda é um gigantesco tabu social. Porém, o filme beira o cansaço ao forçar uma narrativa que precisa ser mais aprofundada e explorada, que é o lado de quem sai realmente machucado dessa história toda: as vítimas.

Confira o trailer (em inglês) de Pornhub: Sexo Bilionário:


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