DECISÃO HOJE!
Divulgação/Europa Filmes
Fernanda Montenegro e Vinícius de Oliveira em Central do Brasil, último indicado a melhor filme internacional
A Academia Brasileira de Ciências e Artes Audiovisuais anuncia nesta terça-feira (12) qual produção vai representar o país no Oscar do ano que vem. É uma decisão importante, visto que o cinema nacional não emplaca um indicado a melhor filme internacional desde Central do Brasil (1998). Para o produtor Daniel Dreifuss, responsável pelo premiado Nada de Novo no Front (2022), há uma crise no mercado brasileiro.
Além do filme alemão vencedor de quatro Oscars, Dreifuss também produziu No (2012), primeiro longa a representar o Chile no prêmio máximo do cinema. Escocês de nascença, mas radicado no Brasil, ele ainda não conseguiu levar um longa de seu país do coração para a grande festa em Los Angeles.
O problema, segundo ele, está nas decisões mercadológicas do audiovisual nacional. "Esse tipo de projeto que eu faço, que eu gosto de fazer, não tem sido historicamente produzido no Brasil. O que me interessa são indivíduos complexos, multifacetados, projetos que façam um diálogo com o mundo em que vivemos, momentos de transição interna e externa da sociedade", explica o produtor em conversa exclusiva com o Notícias da TV para promover a série Fantasmas de Beirute, já disponível no Paramount+.
"Estive no Brasil há pouco tempo, conversei com vários produtores, e esses projetos não são o tipo de coisa que o Brasil tem feito. Espero que isto mude, acho que está mudando. Eu acredito que as audiências brasileiras para cinema e séries têm interesse na complexidade de personagens, em narrativas que não são sempre para um público amplo", aponta Dreifuss.
reprodução/instagram
Daniel Dreifuss segura Oscar de Nada de Novo no Front
Ou seja: o cinema nacional pode ir além das comédias populares estreladas por Leandro Hassum e Ingrid Guimarães, ou das produções voltadas para o público adolescente e baseadas nas obras de Thalita Rebouças. "Se o público brasileiro assiste a filmes mais elaborados que são feitos no exterior, por que não assistiria a algo assim produzido no próprio Brasil?", provoca ele. "Eu acho que há uma vontade de algo mais desafiador, e vale a pena investir nisso."
Curiosamente, o próprio Daniel Dreifuss produziu pouco no Brasil: ele só fez Órfãos do Eldorado (2015), com roteiro de João Emanuel Carneiro. Também esteve na equipe de Sergio (2020), longa norte-americano da Netflix rodado aqui e que tinha Wagner Moura na pele do renomado diplomata Sérgio Vieira de Mello (1948-2003). "Adoraria trabalhar mais no Brasil, mas o Brasil precisa realizar mais projetos que me interessam também", alfineta.
"Estou levando os meus projetos para o Brasil. Espero que aí, da parte dos estúdios, dos canais, dos serviços de streaming, que a gente possa ter um diálogo e consiga realizar algumas coisas que podem ser realmente do Brasil para o Brasil, mas também que possam viajar do Brasil para o mundo."
De uma lista de 28 longas inscritos, a Academia Brasileira pré-selecionou seis que seguem na disputa pela vaga de representante do país no Oscar. São eles: Estranho Caminho, de Guto Parente; Noites Alienígenas, de Sergio de Carvalho; Nosso Sonho - A História de Claudinho e Buchecha, de Eduardo Albergaria; Pedágio, de Carolina Markowicz; Retratos Fantasmas, de Kleber Mendonça Filho; e Urubus, de Claudio Borrelli.
Da lista, apenas um cineasta já foi selecionado para representar o Brasil no prêmio: Mendonça Filho, escolhido para o Oscar 2014 com O Som ao Redor. É um indício de renovação: Cacá Diegues já foi nomeado sete vezes, e Nelson Pereira dos Santos (1928-2018) foi lembrado em quatro anos diferentes.
O Brasil só emplacou uma indicação a melhor filme internacional quatro vezes na história do Oscar: O Pagador de Promessas (1963), O Quatrilho (1996), O Que É Isso, Companheiro? (1997) e Central do Brasil (1999).
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