Namoradinho da América vira monstro por acaso em true crime: 'Não conhecia o caso'

Bill Pullman construiu sua carreira de ator com o rótulo de "namoradinho da América" em filmes como Enquanto Você Dormia (1995), Gasparzinho - O Fantasminha Camarada (1995) e Independence Day (1996). Aos 70 anos, ele encara o desafio de viver um monstro em Assassinatos na Família Murdaugh, filme em duas partes que estreia neste sábado (6) no canal Lifetime.

A trama é baseada na história real de Alex Murdaugh, integrante de uma linhagem de advogados famosos que, em junho de 2021, matou a mulher, Maggie, e o filho mais novo, Paul. Ele foi condenado em março do ano passado e sentenciado à prisão perpétua, em um caso amplamente divulgado na mídia do mundo todo --mas que, curiosamente, passou batido por Pullman.

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"Eu não conhecia nada do caso. Não fico nas redes sociais nem clico em histórias assim. Então, li o roteiro sem ter nenhuma ligação prévia. Achei bem escrito, as falas pareciam bastante reais. E aí, quando fui pesquisar, descobri que é porque elas eram reais mesmo. Foram retiradas das transcrições do processo, das ligações para a polícia, das gravações dos policiais. Elas deram um senso de verdade que tornaram o projeto mais atraente", conta o ator. 

Por questões jurídicas, os filmes só foram aprovados depois da condenação de Murdaugh --quando o caso se tornou de interesse público, e a equipe pôde usar os nomes dos envolvidos no crime sem precisar de autorizações. Isso significou que os longas foram desenvolvidos em tempo recorde --o roteiro estava pronto para ser rodado em maio, e a equipe teve de correr para finalizar os dois longas antes da greve dos atores, iniciada no meio de julho.

"Adoro me preparar antes de gravar, mas nesse caso não tive muito tempo. Recebi o convite e, duas semanas depois, já estava em Vancouver [no Canadá] para rodar. Tentei assistir a algumas gravações, mas eram horas e horas de julgamento, não seria possível ver tudo. Tive que abandonar minha pesquisa e apenas confiar nos meus instintos de que seria capaz de vivê-lo", diz Pullman.

Além do pouco tempo de preparação, o fato de não ter nenhum envolvimento ou conhecimento prévio do caso quase tirou o veterano dos filmes. "Quando me convidaram, eu não queria fazer. Pensei: 'Vou dar uma olhada rápida no roteiro e dispensar'. Mas quando li aquilo, tudo mudou. Não dava para recusar um projeto desses! Fui quase que instantaneamente de 'não vou fazer' para 'vou arrumar as malas porque preciso estar no Canadá na semana que vem'."  

Como o caso já foi explorado em documentários --na Netflix, por exemplo, Escândalos e Assassinatos na Família Murdaugh rendeu duas temporadas--, o filme busca uma abordagem diferente. "Eu gosto das cenas de Alex com Maggie e com o filho, que mostram que havia um amor verdadeiro ali. São diálogos que nunca foram registrados, então o roteirista precisou imaginá-los."

"Eu decidi interpretar Alex como um homem que ama sua família de verdade, não como alguém que fingiu seu amor. Era algo genuíno, que os vizinhos percebiam. E a provocação do filme é essa: como alguém que amava tanto a esposa e o filho seria capaz de atirar neles? É diferente de casos de familicídio em que o pai foi abusivo e causou traumas nos parentes", ressalta o astro. 

Com a perspectiva de interpretar esse amor verdadeiro de Alex pela família, Bill Pullman ainda tentou levar uma nova camada para sua atuação. "Meu desafio era que o público não pensasse 'ele é o culpado' de cara. Mesmo que ele já tenha sido condenado na vida real. Queria que as pessoas duvidassem, 'eu não sei se esse homem seria capaz de fazer as coisas terríveis das quais ele está sendo acusado'. E eu tentei prolongar isso o quanto pude, até que o julgamento começa na segunda parte e você consegue ver que ele é capaz de qualquer coisa para se defender", conta o ator ao Notícias da TV.

O Lifetime exibe as duas partes de Assassinatos na Família Murdaugh neste fim de semana. A primeira vai ao ar neste sábado (6), às 21h15, e a segunda no domingo (7), no mesmo horário. Confira o trailer (em inglês) dos filmes: