Mistura de Luca com Red, Ruby Marinho faz da puberdade um monstro divertido

Em uma cidade litorânea, uma criatura marinha adolescente se disfarça de humana, faz amizades improváveis com outros habitantes e vive dilemas típicos de sua idade enquanto tenta entender (e abraçar) sua real natureza. Parece a sinopse de Luca (2021), da Pixar, mas é Ruby Marinho - Monstro Adolescente, que chega aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (29).

A produção ainda remete a outra animação recente da Disney, Red - Crescer É uma Fera (2022), já que a protagonista Ruby (voz de Agatha Paulita) também se transforma em um monstro gigante sempre que encara uma situação extrema --no caso, quando entra em contato com a água do mar, algo que sua família havia proibido expressamente.

Ter seu produto comparado com o da concorrência não é uma novidade para a DreamWorks Animation --afinal, sua primeira produção, FormiguinhaZ (1998), estreou um mês antes de Vida de Inseto (1998), que tinha temática muito similar. Vinte e cinco anos depois, a história se repete, dessa vez com a Pixar saindo na frente com suas animações.

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Mas tentar igualar Ruby Marinho a Luca ou Red é injusto para o novo longa, que consegue entreter o público por conta própria ao contar uma história inteligente, que faz da puberdade um monstro divertido: é impossível não se identificar com a confusão de sentimentos, a explosão súbita de emoções e as temidas transformações corporais que a protagonista vive.

Ruby é uma jovem tímida de 15 anos, que leva uma vida típica de estudante do colégio: tem um grupinho de amigos nerds, com quem compartilha gostos e temores, e é apaixonada pelo skatista Connor (Gabriel Santana) --para quem dá aulas de Matemática. Ela seria uma adolescente normal, não fosse por um nada pequeno "detalhe": sua família é formada por krakens, monstros marinhos mitológicos que são o terror dos sete mares (que o diga Jack Sparrow, vivido por Johnny Depp na franquia Piratas do Caribe).

Ruby (à dir.) é neta da rainha dos krakens

Os Marinho vivem em uma cidade costeira dos Estados Unidos, sem levantar nenhuma suspeita dos humanos que ali habitam --para justificar qualquer excentricidade, inclusive sua pele de cor azul, basta dizer que eles são imigrantes canadenses. Ruby também foge do contato com o mar --segundo sua mãe, Agatha (Adriana Pissardini), é para evitar o ataque de monstros.

Só que, no dia em que decide convidar Connor para o baile de formatura, Ruby acaba causando um acidente que derruba o rapaz na água. Ela mergulha no oceano para salvá-lo e se transforma em um kraken gigante e roxo, com direito a tentáculos nos lugares dos braços e das pernas. É o pontapé para a jovem descobrir os segredos da família --que inclui até a realeza dos krakens.

Enquanto tenta entender os fatos que sua mãe escondeu dela durante todo esse tempo, Ruby começa a praticar seus "superpoderes" de kraken gigante em aulas com a avó (Patrícia Scalvi), a Rainha Guerreira dos Sete Mares. Ao mesmo tempo, a protagonista precisa fingir que nada mudou em sua vida humana --mesmo virada do avesso com a chegada da novata Chelsea (Giovanna Lancellotti), que se torna popular na escola e atrai Connor.

Ruby Marinho - Monstro Adolescente tem seus melhores momentos quando usa a transformação da mocinha para falar sobre os dilemas da adolescência. Mas a história dirigida por Kirk DeMicco (indicado ao Oscar por Os Croods) também vira um filme de aventura com a inclusão de uma guerra entre sereias e krakens, culminando em uma grande batalha entre as espécies na qual Ruby precisará mostrar toda a sua força para que o bem prevaleça.

O longa estreia nos cinemas nesta quinta-feira. Confira o trailer: