Guardiões da Galáxia Vol. 3 dá fim à altura para heróis improváveis da Marvel

Quando os Guardiões da Galáxia chegaram ao cinema, em 2014, eram uma aposta improvável da Marvel --que até então tinha investido em heróis mais conhecidos. O sucesso do longa abriu as portas para que outros personagens menos populares migrassem das HQs para as telonas. Nove anos depois, a saga de Peter Quill (Chris Pratt) e seus amigos chega ao fim com um desfecho à altura da importância que o grupo ganhou.

Guardiões da Galáxia Vol. 3, que estreia nesta quinta-feira (4) no Brasil, foi anunciado pelo diretor James Gunn como a conclusão da história dos heróis espaciais --ou, pelo menos, da formação que os fãs acompanham há quase uma década. Assim, o novo filme tem a difícil missão de amarrar as pontas soltas dos outros longas, apresentar os vilões da vez e ainda fechar um capítulo para vários personagens.

Não é uma tarefa fácil, mas Gunn a realiza com chave de ouro. E ainda prova para os fãs da Marvel, decepcionados depois de uma sequência de produções que ficaram muito abaixo do esperado, que a empresa de super-heróis não jogou completamente a toalha e ainda tem salvação.

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CRÍTICA

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Rocky (Bradley Cooper) é peça-chave do filme

A trama de Guardiões da Galáxia Vol. 3 começa em Luganenhum, que virou o quartel-general dos heróis depois do Especial de Festas lançado no fim do ano passado. Mas a vida quase pacífica dos personagens vira do avesso quando a sede é atacada por Adam Warlock (Will Poulter), o homem perfeito criado nas cenas pós-créditos do Vol. 2 (2017).

O homem dourado implanta um dispositivo mortal em Rocky (voz de Bradley Cooper), forçando os outros heróis a partirem em uma missão para ajudar o amigo. É a oportunidade perfeita para uma sequência de flashbacks revelarem o passado secreto do guaxinim falante. E a história não é nada agradável.

Em uma série de experiências bizarras, Rocky foi criado pelo Alto Evolucionário (Chukwudi Iwuji), um cientista que sonha em criar uma sociedade utópica, habitada apenas por criaturas perfeitas. Mas o vilão da vez encontra dificuldades para que seus "filhos" desenvolvam inteligência, pois aprendem apenas por repetição. Assim, ele tem o desejo de estudar o cérebro do guaxinim, sua única cria capaz de pensar por conta própria.

A jornada dos heróis para salvar Rocky e a missão do Alto Evolucionário se cruzam sem grandes surpresas. Guardiões da Galáxia Vol. 3, então, aproveita o passado e o presente do guaxinim para construir uma história emocionante, com cenas de ação de tirar o fôlego e --por se tratar de um filme com Quill e companhia-- muita música e senso de humor. 

O Alto Evolucionário é um vilão digno da saga

Claro que nem tudo é perfeito. Há personagens demais, o que deixa alguns atoes sem muito o que fazer. Só do lado dos Guardiões, são oito heróis --sem contar com Gamora (Zoe Saldana), que não é uma integrante oficial do grupo desde Vingadores: Ultimato (2019), mas que se junta à missão para resolver sua história com Peter Quill e com Nebulosa (Karen Gillan).

Elizabeth Debicki, em ótimo momento na carreira depois de viver a princesa Diana (1961-1997) em The Crown, é praticamente inútil como a vilã Ayesha, ofuscada por Adam Warlock e pelo Alto Evolucionário. E o que James Gunn faz com Maria Bakalova, indicada ao Oscar por Borat: Fita de Cinema Seguinte (2020), pode ser considerado uma heresia.

Os erros, porém, não cancelam os acertos. Especialmente após tropeços como Eternos (2021), Doutor Estranho no Multiverso da Loucura (2022) e, acima de tudo, Thor: Amor e Trovão (2022), Guardiões da Galáxia Vol. 3 chega como um respiro para a Marvel.

Mostra também que é possível (e necessário) saber a hora de encerrar a jornada de alguns personagens e abrir espaço para outros. Material para isso não falta: afinal, dez anos atrás, quem apostaria que uma árvore, um guaxinim, uma mulher verde e um terráqueo abobalhado poderiam se tornar astros de uma franquia bilionária?

Confira o trailer de Guardiões da Galáxia Vol. 3: