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REI DO FUTEBOL

Documentário da Netflix 'revive' o ídolo Pelé e a decepção durante a ditadura

Divulgação/Netflix

Pelé durante jogo da Copa do Mundo de 1970 em cena do documentário da Netflix

Pelé durante jogo da Copa do Mundo de 1970; documentário da Netflix sobre o astro já está disponível

ANDRÉ ZULIANI

andre@noticiasdatv.com

Publicado em 24/2/2021 - 6h55

A Netflix estreou na terça (23) o documentário Pelé, produção original do serviço de streaming que revive a ascensão do astro como ídolo máximo do futebol, passando por suas glórias e fracassos em Copas do Mundo até a decepção por parte de milhares de fãs pela sua falta de posicionamento político durante o período da Ditadura Militar (1964-1985).

Diferentemente de Pelé Eterno (2004), obra definitiva sobre a história de Edson Arantes do Nascimento, o documentário da Netflix coloca o foco em sua jornada como grande craque da Seleção Brasileira de futebol entre 1958 e 1970, época em que brilhou com a camisa amarela.

Para relembrar essa época, os diretores David Tryhorn e Ben Nicholas reuniram não apenas o craque, mas diversos amigos, de dentro e de fora do futebol, familiares e uma coleção de imagens remasterizadas para descrever com qualidade os maiores feitos do "rei".

Aos 80 anos, Pelé é apenas um relance do jogador forte e imponente que foi. A imagem de um ídolo fragilizado e que precisa de andador e cadeira de rodas para se locomover nem parece o jovem que desfilou por estádios em todo o mundo. Ao relembrar seus feitos, o craque não consegue segurar a emoção --tal como o adolescente que desabou em prantos tão logo terminou a final da Copa do Mundo de 1958.

Ex-companheiros do Santos como Pepe, Dorval e Coutinho dão as caras para falar sobre o início de Edson nas categorias de base do clube e como foi conviver com o jovem que, a cada ano, tornava-se um ídolo ainda maior.

Amigos como os jornalistas Juca Kfouri, José Trajano e Paulo César Vasconcellos também se apresentam para contar detalhes da convivência com Pelé durante a década de 1960 e como ele alavancou o time da Baixada Santista a um dos mais importantes do planeta.

Neste período, a televisão começava a engatinhar no Brasil, o que ajudou a popularizar as jogadas do craque em todos os Estados. Para a época, Pelé foi o que jogadores como Neymar e Messi são para os jovens hoje em dia --o primeiro grande astro brasileiro do futebol, o que pavimentou o caminho para que ídolos como Ronaldo e Romário se tornassem celebridades tais como atores de Hollywood.

Como bem descreve o documentário da Netflix, os feitos de Pelé que o tornaram uma lenda do futebol foram com a camisa da seleção. Detentor de três taças de Copas do Mundo, ele marcou o seu nome na história do esporte e no panteão dos maiores atletas do planeta. Mesmo em 1966, ano em que o Brasil fracassou no mundial, a idolatria do craque nunca se dizimou.

Tal idolatria permaneceu intacta até a ditadura no Brasil se agravar. Com a instauração do AI-5 e a perda de todas as liberdades no país, recaiu-se sob seus ombros uma responsabilidade pela qual nunca pediu. Desde pequeno, Pelé sonhou apenas em ser ídolo no futebol, mas parte dos fãs clamava por algo a mais: um representante do mundo livre pelo qual os brasileiros lutavam desde o início do regime militar.

Indiferente à situação no país, Pelé confessa que ouvia falar dos rumores de torturas e desaparecimento de pessoas, mas dá a desculpa de que as informações chegavam distorcidas já que a equipe do Santos passava parte do ano excursionando em outros países.

Até um almoço com o então presidente Médici (1905-1985), considerado o mais cruel ditador do país, parecia incomodá-lo. Para auxiliar em sua explicação, os diretores convocaram Fernando Henrique Cardoso e Gilberto Gil. O segundo, ao lado da deputada federal Benedita da Silva, reforça a imagem do craque como ídolo negro e um exemplo a ser seguido por jovens em uma sociedade que ainda luta contra o racismo.

Mesmo que não exclua outras das maiores polêmicas da carreira de Pelé, como a infidelidade no primeiro casamento e o atrito que causou a queda de João Saldanha (1917-1990) do comando da seleção a dois meses da Copa de 1970, o documentário deixa clara a sua posição: o mito de rei do futebol sempre será o maior.

Confira abaixo o trailer:


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