As Marvels: Fadado ao fracasso, filme se salva somente pela comédia

Com pouca expectativa do público, As Marvels chega aos cinemas quase que na surdina nesta quinta-feira (8). Com os filmes de heróis em baixa, e a fórmula da Marvel cada vez mais tachada como batida, são poucos os fãs empolgados para assistir à união de Carol Danvers (Brie Larson), Monica Rambeau (Teyonah Parris) e Kamala Khan (Iman Vellani). Porém, o longa é uma surpresa positiva e tem mais potencial do que o esperado.

Capitã Marvel (2019) definitivamente não é um dos filmes mais valorizados pelos seguidores da editora, e a série de sua maior fã, Ms. Marvel (2022), até chegou a conquistar a geração Z, mas não conseguiu sair muito desse nicho. Por isso, o filme As Marvels parecia predestinado ao fracasso.

A obra, porém, é surpreendentemente boa. O ritmo, o contexto e, principalmente, as cenas de comédia tornam As Marvels um dos poucos acertos da companhia nos últimos anos. Com uma capacidade de rir de si mesmo que se torna quase que parte essencial da história, o filme é leve até nas piores desgraças --e de maneira totalmente natural.

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Embora a Marvel tenha, em diversos momentos, tentado forçar o "girl power" em tantas séries e filmes, em As Marvels a empresa consegue fazer isso sem precisar se esforçar demais. Eletrizante, o longa-metragem se sustenta na força e também na fragilidade das três protagonistas, que com certeza se tornam melhores quando estão unidas.

No longa, a Capitã Marvel está mais humana do que em qualquer outra obra em que ela apareceu antes, e isso é um ponto de virada para fazer a personagem de Brie Larson ficar ainda mais interessante. O enredo se baseia nos erros que ela cometeu enquanto uma máquina de guerra, destinada a acabar com o mal a qualquer custo.

Sem saberem exatamente o porquê, a Capitã Marvel, Monica Rambeau e Ms. Marvel estão com as identidades interligadas, e cada vez que liberam seus poderes, acabam trocando de lugar. Isso acontece após terem contato com pontos de salto no espaço defeituosos, provocados por uma vilã, Dar-Benn (Zawe Ashton), que encontrou um bracelete igual ao usado por Kamala.

Dar-Benn é uma sobrevivente da guerra civil Kree, que aconteceu logo após a Capitã Marvel destruir a Inteligência Suprema, que governava o planeta Hala. Como resultado, Hala está morrendo, e Dar-Benn não vai parar até salvar o planeta e o seu povo.

Por mais que a vilã da vez até seja simpática, ela é uma das mais fracas e entediantes do MCU (Universo Cinematográfico da Marvel), e seu propósito não vai muito além de juntar as três protagonistas em um time. Mas que bom que elas foram unidas --pois formam uma equipe inesperadamente incrível.

Além do conjunto da obra, um dos pontos mais fortes de As Marvels é a comédia. Não se levar tão a sério é um acerto para o longa-metragem, que faz o público rir do começo ao fim. Ainda que tenham momentos que pareçam uma grande bobagem (como o fato de Carol Denvers ser uma princesa de um reino distante), ainda assim são acréscimos divertidos à história.

O filme é um verdadeiro respiro depois de a gigante dos heróis ter sufocado os fãs com sucessivos enredos maçantes. São perceptíveis que aconteceram algumas melhorias importantes, que fazem a obra ser repleta de emoção e coração, o que certamente vai conquistar aqueles que ainda não haviam sido fisgados pelas três heroínas de As Marvels.